A situação social na Bolívia volta a se tornar preocupante para o governo do presidente Carlos Mesa. Ontem, 02, segundo a imprensa boliviana, as centrais operárias de El Alto iniciaram uma mobilização contra a nova Lei de Hidrocarbonetos, aprovada pelo Senado. Mesa já acionou a polícia e começou um plano de inteligência para se opor aos protestos.

A Central Operária Regional de El Alto, associações, organizações camponesas, Universidade Pública de El Alto, Federação de Professores de La paz e Central Operária da Bolívia (COB) fizeram uma marcha que culminou com uma apropriação simbólica da planta armazenadora de hidrocarbonetos em Senkata, sobre a rodovia de La Paz a Oruro.

Os manifestantes lutam pela nacionalização dos hidrocarbonetos. O conteúdo da lei, aprovada pelos senadores, contempla 18% de regalias e 32% de impostos não creditáveis. Eles querem 50% de regalias para o Estado boliviano.

Vários sindicatos também fizeram chegar ao governo suas listas de petições em que incorporam pedidos de aumento salarial, em função da cesta familiar básica. Luis Carlos Jemio, ministro da Fazenda, disse à imprensa que as restrições do Orçamento Geral da Nação para esta gestão não permitem atender às solicitudes de incrementos salariais de grande magnitude.

O plano de luta dos movimentos sociais inclui o bloqueio de estradas e paralisações sindicais. Inclusive, com a possibilidade de uma greve geral. Ontem, os camponeses, que se concentraram em El Alto, realizaram uma marcha de 12 quilômetros até o centro de La Paz para realizar um ato na praça San Francisco, a cinco quadras do Palácio de Governo. "Nos somaremos a todas as manifestações, exigindo a nacionalização dos hidrocarbonetos e que sejam atendidas nossas 72 demandas, que o Governo não respondeu. Bloquearemos as estradas, porque só assim nos escutam", anunciou Felipe Quispe, dirigente máximo da Federação Única de Camponeses.

A demanda de nacionalização das petroleiras surgiu depois de ser revelado que os 72 contratos que firmaram com os governos de Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997), Hugo Banzer (1997-2001) e Jorge Quiroga (2001-2002) não haviam sido aprovados pelo Congresso, como prescreve a Constituição.

Adital