O subcomandante Marcos, um dos líderes do Exército Zapatista de Libertação Nacional, esclareceu que o “alerta vermelho”, decretado pelo grupo mexicano nesta semana, em Chiapas, não será seguido por uma ofensiva militar.
O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) informou que realiza uma consulta interna para dar um novo passo em sua luta, que implica "arriscar-se a perder o muito pouco que conquistou". O grupo ainda disse estar em condições de sobreviver a um ataque inimigo.
O EZLN emitiu dois comunicados, um para explicar os motivos do "alerta vermelho" decretado segunda (20) na chamada região de conflito do Estado de Chiapas, e outro para assegurar que o Comitê Clandestino Revolucionário do EZLN está em condições de seguir dirigindo a luta indígena zapatista "apesar das perdas" por prisões, mortes ou desaparecimento forçado de sua liderança atual.
Os zapatistas também afirmaram que suas bases discutem "se faremos outra coisa e esta decisão virá a público em seu momento". O texto, no entanto, diz que "para acabar com as especulações, esta outra coisa não implica nenhuma ação militar ofensiva de nossa parte. Não estamos fazendo consulta sobre o reinício dos combates militares ofensivos. O governo deveria decidir se, por sua parte, há algum preparativo bélico ofensivo, seja das forças federais ou de seus parlamentares. E o PRI e o PRD devem decidir se planejam algum ataque contra nós com os paramilitares que apadrinham em Chiapas.
Segundo as notas assinadas pelo subcomandante Marcos, porta-voz e estrategista do EZLN, o risco deste novo passo de sua luta é que aumente a perseguição contra comunidades zapatistas no Estado de Chiapas, sudeste do México. O líder zapatista explicou que o "alerta vermelho", decretado segunda-feira na chamada região de conflito de Chiapas, obedece a uma medida defensiva.
Marcos recordou que, em fevereiro de 1995, o EZLN foi atacado pelas forças do governo liderado pelo então presidente Ernesto Zedillo, quando a organização rebelde realizava uma consulta interna. O subcomandante ressaltou que quanto terminar a presente consulta, o Comitê Clandestino Revolucionário Indígena do EZLN informará de seu resultado à opinião pública nacional e internacional.
"A direção do EZLN está fazendo um reconhecimento ao sacrifício, à disposição e ao heroísmo de suas bases de apoio, responsáveis militantes (...), por estes quase 12 anos de guerra e resistência", sentenciou o documento.
Marcos acrescentou que "todos os zapatistas estão agora em liberdade moral de seguir ou não com o EZLN no seguinte passo que está sendo consultado, se for aprovado pela maioria".
O aumento da temperatura política em Chiapas ocorre depois de a Secretaria de Defesa Nacional do governo mexicano ter vindo a público dizer que encontrou plantações de maconha em áreas supostamente controlada pelos zapatistas. Depois, foi a vez do ministro das Relações Exteriores, Luis Ernesto Derbez, reivindicar ao subcomandante Marcos explicações sobre essa denúncia.
"Não vamos permitir de nenhuma maneira que ninguém, nenhuma pessoa neste país, esteja indo contra o que os mexicanos queremos que é a eliminação de todo conceito de tráfico, consumo e produção de droga", disse o chanceler, em uma entrevista a uma rádio local. Historicamente, os zapatistas acusam os sucessivos governos mexicanos de tentar criminalizar o movimento.
O EZLN, que se mobilizou em 1º de janeiro de 1994 em Chiapas, decretou alerta vermelho em sua região de influência, ordenou o fechamento de suas chamadas "juntas de bom governo", assim como o aquartelamento de suas tropas.
Permaneçam em Contacto
Sigam-nos nas Redes Sociais
Subscribe to weekly newsletter