Novos corpos de desaparecidos durante a ditadura uruguaia poderão ser descobertos no quartel de pára-quedistas de Toledo. É que um informe do Exército do Uruguai assinalou quatro locais onde procurar tumbas neste quartel, inclusive com o corpo da nora do poeta argentino Juan Gelman, María Claudia García de Gelman.

Segundo informações da agência de notícias Ecupress, o documento militar certifica três ou quatro lugares onde foram enterrados desaparecidos e desaparecidas no Batalhão de Infantaria Pára-Quedista Nº 14, além de sinais concretos que permitirão o avanço sobre o ocorrido na época da ditadura e que ficará nas mãos da justiça o veredito final.

No Batalhão estaria, além do corpo de María Claudia, o de Elena Quinteros, professora assassinada no Batalhão 13 de Infantaria, onde foi enterrada e logo transferida para o Batalhão 14, segundo o confessado por Ariel López. Soldado naquele tempo, López, em várias oportunidades, reiterou que entre os últimos meses de 1976 e os primeiros de 1977, por ordem de seus superiores, preparou seis tumbas e que, no traslado dos corpos, estava um de mulher.

O informe do Exército foi entregue, hoje, ao presidente Tabaré Vázquez, e indica outros lugares onde estariam enterrados desaparecidos e desaparecidas, como os que foram torturados em "300 Carlos" e as vítimas da denominada "Operação Cenoura". Tudo o referente a esta investigação foi acelerada a partir da decisão do atual governo de cumprir com o prometido na campanha eleitoral do ano passado e coincidente com suas próprias convicções.

"O senhor comandante da Força Aérea detectou, determinou onde estão os corpos de dois cidadãos uruguaios desaparecidos, que tinham ficado presos nos domínios da Força Aérea, e existe uma localização praticamente precisa do lugar onde estariam estes dois corpos" anunciou o primeiro mandatário uruguaio, numa entrevista coletiva, e disse que a possibilidade de êxito das escavações no Batalhão 14 é de "mais de 99%".

Segundo a imprensa uruguaya, começaram as escavações no Batalhão 14 de Toledo, em Canelones. O juiz Gustavo Mirabal estive presente e os trabalhos são dirigidos pelo antropólogo José María López, da Faculdade de Humanidades, que contará com o apoio da equipe argentina de antropologia forense.

Adital