Todos os ídolos do capitalismo ao longo das últimas três décadas estraçalharam-se. As suposições, presunções, paradigmas e prognósticos de progresso indefinido sob o capitalismo liberal do mercado livre foram testados e fracassaram. Estamos a viver o fim de toda uma época: Peritos por toda a parte testemunham o colapso dos EUA e do sistema financeiro mundial, a ausência de crédito para comércio e a falta de financiamento par investimento. Uma depressão mundial, na qual mais de um quarto da força de trabalho do mundo estará desempregada, está a assomar. O maior declínio no comércio da história recente do mundo – baixa de 40% de um ano para outro – define o futuro. As bancarrotas das maiores companhias manufactureira do mundo capitalista assombram os líderes políticos ocidentais. O "mercado" como mecanismo para distribuir recursos e o governo dos EUA como o "líder" da economia global foram desacreditados. ( Financial Times, 09/Março/2009) Todas as suposições acerca da "auto-estabilização dos mercados" são demonstravelmente falsas e obsoletas. A rejeição da intervenção pública no mercado e a advocacia da teoria economia da oferta (supply-side economics) ficaram desacreditadas mesmo aos olhos dos seus praticantes. Mesmo círculos oficiais reconhecem que a "desigualdade do rendimento" contribuiu para o início do crash económico e deveria ser corrigido. Planeamento, propriedade pública, nacionalização estão na agenda, enquanto as alternativas socialistas tornaram-se quase respeitáveis.
Com o início da depressão, todos os slogans da última década são descartados. Quando estratégias de crescimento orientadas para a exportação fracassam, as políticas de substituição de importação emergem. Quando o mundo "desglobaliza-se" e o capital é "repatriado" para salvar sedes de empresas próximas da bancarrota é proposta a propriedade nacional. Quando milhões de milhões de dólares/euros/yens em activos são destruídos e desvalorizados, despedimentos maciços estendem o desemprego por toda a parte. Medo, ansiedade e incerteza andam sorrateiros nos gabinetes do Estado, nas direcções financeiras, nas fábricas e nas ruas...
Entrámos num tempo de reviravolta, quando os fundamentos da ordem política e económica mundial são profundamente fracturados, ao ponto de que ninguém pode imaginar qualquer restauração da ordem político-económica do passado recente. O futuro promete caos económico, levantamentos políticos e empobrecimento em massa. Mais uma vez, o espectro do socialismo paira sobre as ruínas dos antigos gigantes da finança. Quando o mercado livre do capital entra em colapso, os seus advogados ideológicos saltam do navio, abandonam a sua linha e os seus versículos acerca das virtudes do mercado e cantam um novo coro: o Estado como Salvador do Sistema – uma proposição dúbia cujo único resultado será prolongar a pilhagem do tesouro público e prolongar a agonia mortal do capitalismo tal como o conhecemos.
Teoria da crise do capital: A morte do perito económico
As fracassadas políticas económicas de líderes políticos e económicos estão enraizadas na operação de mercados – o capitalismo. Para evitar uma critica ao sistema capitalista, há escritores que estão a culpar os líderes e peritos financeiros devido à sua incompetência, "cobiça" e defeitos individuais.
Psicologismo barato substituiu a análise racional de estruturas, forças materiais e realidade objectiva, os quais conduzem, motivam e proporcionam incentivos a investidores, decisores políticos e banqueiros. Quando as economias capitalistas entram em colapso, os deuses enlouquecem os políticos e os redactores de editoriais, privando-os de qualquer capacidade para raciocinar acerca de processos objectivos e lançando-os em vastas especulações subjectivas.
Ao invés de examinar as estruturas de oportunidade criadas pelos enorme excedente de capital e as margens de lucro reais existentes, as quais levam os capitalistas à actividade financeira, dizem-nos que houve "falha de liderança". Ao invés de examinar o poder e a influência da classe capitalista sobre o Estado, em particular na selecção de decisores de política económica e reguladores que maximizariam os seus lucros, dizem-nos que houve "falta de entendimento" ou "deliberada ignorância do que os mercados precisam". Ao invés de olhar para as classes sociais reais e relações de classe – especificamente as classes capitalistas historicamente existentes que operam nos mercados reais existentes – os psicólogos baratos postulam um "mercado" abstracto povoado por imaginários capitalistas ("racionais"). Ao invés de examinar como lucros em ascensão, mercados em expansão, crédito barato, trabalho dócil e controle sobre as políticas do Estado e do orçamento criam "confiança do investidor" e a sua ausência destrói "confiança", os psico-tagarelas afirmam que a "perda de confiança" é uma causa da derrocada económica. O problema objectivo da perda de condições específicas, as quais produzem lucros, como condutor da crise é transformado na "percepção" desta perda.
Confiança, fé, esperança, responsabilidade em economias capitalistas derivam de relações e estruturas económicas que produzem lucros. Estes estados psicológicos são derivados de resultados com êxito. Transacções económicas, investimentos e acções de que aumentam de valor, multiplicam ganhos presentes e futuros. Quando os investimentos azedam, as firmas perdem dinheiro, as empresas entram em bancarrota e os prejudicados "perdem confiança" nos proprietários e correctores. Quando todos os sectores económicos prejudicam gravemente toda a classe dos investidores, depositantes e tomadores de empréstimo, há uma perda de "confiança sistémica".
O psico-linguajar é o último recurso dos ideólogos do capitalismo, académicos, peritos e editorialistas de páginas financeira. Relutantes em enfrentar o colapso dos mercados capitalistas reais existentes, eles escrevem e recorrem a vagas utopias tais como "mercados perfeitos" distorcidos por "certas mentalidades". Por outras palavras, para salvar a sua fracassada ideologia baseada nos mercados capitalistas, eles inventam uma moral ideal, a "mente e o mercado capitalista perfeito", divorciado do comportamento real, dos imperativos económicos e das contradições inerentes à guerra de classe.
Os argumentos económicos inadequados e vulgares, os quais permeiam os escritos dos ideólogos capitalistas, vão em paralelo com a bancarrota do sistema social no qual eles estão embebidos. Os fracassos intelectuais e morais da classe capitalista e dos seus seguidores políticos não são defeitos pessoais; eles reflectem o fracasso económico do mercado capitalista.
O crash do sistema financeiro dos EUA é sintomático de um colapso mais profundo e mais sério do sistema capitalista que tem as suas raízes na dinâmica do desenvolvimento capitalista nas três décadas anteriores. Em termos amplos, a actual depressão mundial resulta da formulação clássica esboçada por Karl Marx há mais de 150 anos: a contradição entre o desenvolvimento das forças e das relações de produção.
Ao contrário dos teóricos que argumentam que a "finança" e o capitalismo "pós-industrial" desindustrializaram ou "destruíram" a economia mundial e colocaram no seu lugar uma espécie de "casino" ou capital especulativo, nós de facto testemunhámos o mais espectacular crescimento a longo prazo do capital industrial empregando mais trabalhadores assalariados do que nunca na história. Guiado por taxas de lucros em ascensão, investimentos em grande escala a longo prazo têm sido a força motora para a penetração das mais remotas regiões subdesenvolvidas do mundo pelo capital industrial e com ele relacionado. Novos e velhos países capitalistas geraram enormes impérios económicos, rompendo barreiras políticas e culturais para incorporar e explorar milhares de milhões de novos e antigos trabalhadores num processo implacável. Quando a competição dos novos países industrializados intensificou-se e quando a ascensão da massa de lucros excedeu a capacidade para reinvesti-los lucrativamente nos centros capitalistas mais antigos, massas de capital migraram para a Ásia, América Latina, Europa do Leste e, num menor grau, para o Médio Oriente e África do Sul.
Enormes excedentes de lucros derramaram-se nos serviços, incluindo a finança, imobiliário, seguros, imobiliário em grande escala e terras urbanas.
A dinâmica de crescimento das inovações tecnológicas do capitalismo encontraram expressão em maior poder social e político – amesquinhando a organização do trabalho, limitando o seu poder negocial e multiplicando os seus lucros. Com o crescimento dos mercados mundiais, os trabalhadores foram vistos meramente como "custos de produção", não como consumidores finais. Os salários estagnaram, os benefícios sociais foram limitados, reduzidos ou retirados dos trabalhadores. Sob condições de crescimento capitalista dinâmico, o Estado e a política de Estado tornaram-se o seu instrumento absoluto: as restrições, controles e regulações foram enfraquecidos. O que foi alcunhado "neoliberalismo" abriu novas áreas para o investimento de lucros excedentes: empresas públicas, terra, recurso e bancos foram privatizados.
Quando a competição intensificou-se, quando novas potências industriais emergiram na Ásia, o capital estado-unidense investiu cada vez mais na actividade financeira. Dentro dos circuitos financeiros ele elaborou toda uma série de instrumentos financeiros, os quais aproveitavam-se da riqueza e dos lucros crescentes dos sectores produtivos.
O capital estado-unidense não "desindustrializou" – ele relocalizou-se na China, Coreia e outros centros de crescimento, não devido a "lucros em queda" mas sim devido ao excedente lucros maiores além-mar.
A abertura do capital na China proporcionou a centenas de milhões de trabalhadores empregos sujeitos à mais brutal exploração a salários de subsistência, sem benefícios sociais, pouco ou nenhum poder social organizado. Uma nova classe de capitalistas colaboradores asiáticos, alimentada e facilitada pelo capitalismo de Estado asiático, aumentou o enorme volume de lucros. As taxas de investimento atingiram proporções vertiginosas, dadas as vastas desigualdades entre o rendimento da classe proprietária e os trabalhadores assalariados. Enormes excedentes acumularam-se mas a procura interna estava severamente constrangida. As exportações, o crescimento exportador e os consumidores além-mar tornaram-se a força condutora das economias asiáticas. Os fabricantes dos EUA e da Europa investiam na Ásia para exportar de volta para os seus mercados internos – mudando a estrutura do capital interno em direcção ao comércio e à finança. Os salários diminuídos pagos aos trabalhadores levaram a uma vasta expansão do crédito. A actividade financeira cresceu na proporção da entrada de mercadorias dos dinâmicos novos países industrializados. Os lucros industriais foram reinvestidos em serviços financeiros. Lucros e liquidez cresceram na proporção do declínio relativo no valor real gerado pela mudança do capital de industrial para financeiro/comercial.
Os super-lucros da produção mundial, comércio, finanças e a reciclagem dos rendimentos além-mar de volta para os EUA através tanto de circuitos estatais como privados criaram enorme liquidez. Excedia muito a capacidade histórica dos EUA e das economias europeias de absorver tais lucros em sectores produtivos.
A dinâmica e a voraz exploração dos enormes excedentes de forças de trabalho na China, Índia e alhures e a pilhagem absoluta e transferência de centenas de milhares de milhões da Rússia ex-comunista e a "neoliberalizada" América Latina encheram os cofres de novas e velhas instituições financeiras.
A super-exploração do trabalho na Ásia e a sobre-acumulação de liquidez financeira nos EUA levaram à ampliação da economia de papel e ao que os economistas liberais posteriormente chamara "desequilíbrio global" entre poupadores/investidores industriais/exportadores (na Ásia) e consumidores/financeiros/importadores (nos EUA). Enormes excedentes comerciais nos Leste foram "empapelados" através da compra de títulos do Tesouro dos EUA. A economia estado-unidense era precariamente apoiada por uma economia de papel cada vez mais inflacionada.
A expansão do sector financeiro resultou de altas taxas de retorno, aproveitando-se da economia "liberalizada" imposta pelo poder nas décadas anteriores de investimento de capital diversificado. A internacionalização do capital, seu crescimento dinâmico e o enorme crescimento do comércio ultrapassou os salários estagnados, os pagamentos sociais em declínio, o enorme excedente de força de trabalho. Temporariamente, o capital procurou fortalecer os seus lucros através do imobiliário inflacionado baseado no crédito expandido, dívida altamente alavancada e "instrumentos financeiros" maciços absolutamente fraudulentos (activos invisíveis sem valor). O colapso da economia de papel expôs o sistema financeiro super-desenvolvido e forçou a sua morte. A perda da finança, do crédito e dos mercados repercutiu em todas as potências manufactureiras orientadas para a exportação. A falta de consumo social, a fraqueza do mercado interno e as enormes desigualdades negaram aos países industriais quaisquer mercados compensatórios para estabilizar ou limitar a sua queda na recessão e na depressão. O crescimento dinâmico das forças produtivas com base na super-exploração do trabalho levou ao super-desenvolvimento dos circuitos financeiros, os quais puseram em movimento processo de "desalimentar" a indústria e subordinar o processo de acumulação ao capital altamente especulativo.
O trabalho barato, a fonte dos lucros, do investimento e do crescimento da exportação à escala mundial, não podia mais sustentar a pilhagem do capital financeiro e proporcionar um mercado para o sector industrial dinâmico. O que foi erroneamente baptizado como crise financeira, ou mesmo mais estreitamente como "hipotecária" ou habitacional, foi simplesmente o "disparador" do colapso do sector financeiro super-desenvolvido. O sector financeiro, que cresceu a partir da expansão dinâmica do capitalismo "produtivo", posteriormente "ricocheteou" contra o mesmo. As ligações históricas e os laços globais entre indústria e capital financeiro levaram inevitavelmente a uma crise capitalista sistémica, entranhada na contradição entre trabalho empobrecido e capital concentrado. A actual depressão mundial é um produto do processo de "super-acumulação" do sistema capitalista no qual o crash do sistema financeira foi do "detonador" mas não o determinante estrutural. Isto é demonstrado pelo facto de que o Japão industrial e a Alemanha experimentaram uma grande queda nas exportações, investimentos e crescimento do que os EUA e a Inglaterra "financeiros".
O sistema capitalista em crise destrói capital a fim de "purgar-se" das empresas e sectores menos eficientes, menos competitivos e mais endividados, a fim de re-concentrar capital e reconstruir os poderes de acumulação – desde que as condições políticas o permitam. A re-composição do capital tem origem na pilhagem de recursos do Estado – os chamados salvamentos e outras transferências maciças do tesouro público (leia-se "contribuintes"), os quais resultam da redução selvagem de transferências sociais (leia-se "serviços públicos") e do embaratecimento do trabalho através de despedimentos, desemprego maciço, reduções de salários, pensões e cuidados de saúde e da redução geral de padrões de vida a fim de aumentar a taxa de lucro.
A depressão mundial: Análise de classe
Os indicadores e económicos agregados da ascensão e queda do sistema capitalista mundial são de valor limitado para o entendimento das causas, trajectória e impacto da depressão mundial. Na melhor das hipóteses, descrevem a carnificina e económica; na pior, ofuscam a orientação das classes sociais (dominantes), com as suas redes e transformações complexas, as quais dirigiram a expansão e o colapso económico e ainda os salário e as classes assalariadas, a quais produziram a riqueza para alimentar a fase expansiva e agora pagam o custo do colapso económico.
É um truísmo bem conhecido que aqueles que provocaram a crise são também os maiores beneficiários da generosidade do governo. A observação bruta e simples do dia a dia de que a classe dominante "fez" a crise e a classe trabalhadora "paga" o seu custo é, no mínimo, um reconhecimento da utilidade da análise de classe para decifrar a realidade social por trás dos dados económicos agregados. A seguir à recessão do princípio dos anos 1970, a classe industrial capitalista do Ocidente garantiu financiamento para lançar um período de crescimento extenso e profundo que cobria todo o globo. Capitalistas alemães, japoneses e do sudeste asiático floresceram, competiram e colaboraram com os seus contrapartes dos EUA. Ao longo deste período o poder social, a organização e a influência política da classe trabalhadora testemunhou um declínio relativo e absoluto na sua fatia do rendimento material. Inovações tecnológicas, incluindo a reorganização do trabalho, compensadas por aumentos de salários através da redução da "massa de trabalhadores" e, em particular, da sua capacidade para pressionar os privilégios da administração. A posição estratégica do capitalista na produção foi fortalecida: eles foram capazes de exercer controle quase absoluto sobre a localização e os movimentos de capital.
As potências capitalistas estabelecidas – especialmente na Inglaterra e nos EUA – com grandes acumulações de capital e a enfrentar a competição crescente dos capitalistas alemães e japoneses, procuravam expandir as suas taxas de retorno movendo investimentos de capital para a finança e os serviços. A princípio, este movimento era ligado e dirigido para a promover a venda dos seus produtos manufacturados ao proporcionar crédito e financiamento destinados a compras de automóveis ou electrodomésticos. Os capitalistas industriais menos dinâmicos relocalizaram suas unidades de montagem em países e regiões com baixos salários. O resultado foi que capitalistas industriais ganharam mais a aparência de "financeiros" nos EUA mesmo quando mantinham o seu carácter industrial na operação das suas subsidiárias manufactureiras além-mar e dos fornecedores satélites. Tanto a manufactura no exterior como os retornos financeiros locais incharam os lucros agregados da classe capitalista. Enquanto a acumulação de capital expandia-se no "país de origem", os salários internos e os custos sociais estavam sob pressão pois os capitalistas impunham os custos da competição sobre as costas dos assalariados através da colaboração dos sindicatos nos EUA e dos partidos políticos social-democratas na Europa. Constrangimentos salariais, amarrando salários à produtividade de um modo assimétrico e pactos trabalho-capital aumentaram os lucros. Os trabalhadores estado-unidenses foram "compensados" através de importações de bens de consumo baratos produzidos pela força de trabalho de baixos salários nos países recentemente industrializados e com o acesso fácil ao crédito interno.
A pilhagem ocidental da antiga URSS, com a colaboração de oligarcas gangsters, levou o fluxo maciço do capital saqueado para os bancos ocidentais ao longo da década de 1990. A transição chinesa para o capitalismo na década de 1980, a qual foi acelerada na de 1990, expandiu a acumulação de lucros industriais através da exploração intensiva de dezenas de milhões de trabalhadores assalariados empregados a níveis de subsistência. Enquanto o milhão de milhões (trillion) da pilhagem da Rússia e de toda a antiga União Soviética inchou o sector financeiro da Europa ocidental e dos EUA, o crescimento maciço de milhares de milhões de dólares em transferências ilegais e lavagem de dinheiro rumo aos bancos dos EUA e do Reino Unido aumentaram o super-desenvolvimento do sector financeiro. A elevação dos preços do petróleo e das "rendas" entre capitalistas "rentistas" acrescentou uma vasta nova fonte de lucros financeiros e liquidez. Pilhagem, rendas e contrabando de capital proporcionaram uma vasta acumulação de riqueza financeira desconectada da produção industrial. Por outro lado, a rápida industrialização da China e de outros países asiáticos proporcionou um vasto mercado para fabricantes de produtos avançados alemães e japoneses: eles forneciam as máquinas de alta qualidade e a tecnologia às fábricas chinesas e vietnamitas.
Os capitalistas dos EUA não se "desindustrializaram" – o país sim. Ao relocalizar produção além-mar e importar produtos acabados e concentrar-se no crédito e no financiamento, a classe capitalista dos EUA e os seus membros tornou-se diversificada e multi-sectorial. Eles multiplicaram os seus lucros e intensificaram a acumulação de capital.
Por outro lado, os trabalhadores foram sujeitos a múltiplas formas de exploração: salários estagnados, juros credores apertados e a conversão dos empregos manufactureiros de alto salário/alta qualificação em empregos mal pagos nos serviços reduziu constantemente os padrões de vida.
O processo básico que conduzia à ruptura estava claramente presente: o crescimento dinâmico da riqueza capitalista ocidental foi baseado, em parte, sobre a pilhagem brutal da URSS e da América Latina, a qual reduziu profundamente padrões de vida ao longo da década de 1990. A exploração intensificada e selvagem de centenas de milhões de mal pagos trabalhadores chineses, mexicanos, indonésios e indochineses, e o êxodo forçado de antigos camponeses como trabalhadores migrantes para centros manufactureiros, levou a altas taxas de acumulação. O declínio relativo dos salários nos EUA e na Europa ocidental também se somou à acumulação de capital. A ênfase alemã, chinesa, japonesa, latino-americana e da Europa do Leste no crescimento orientado para a exportação aumentou o "desequilíbrio" crescente ou a contradição entre riqueza e a propriedade capitalista concentrada e a massa crescente de trabalhadores mal pagos. As desigualdades a uma escala mundial cresciam geometricamente. O processo de acumulação dinâmica excedeu a capacidade do sistema capitalista altamente polarizado de absorver capital na actividade produtiva às altas taxas de lucro existentes. Isto levou ao crescimento em grande escala e multiforme do capital especulador inflacionando preços e investindo em imobiliário, commodities, hedge funds, títulos, financiamento de dívida, fusões e aquisições – tudo divorciado da actividade produtora de valor real. O boom industrial e os constrangimentos de classe impostos aos salários dos trabalhadores minaram a procura interna e intensificaram a competição nos mercados mundiais. A actividade especulativa-financeira com liquidez maciça proporcionava uma "solução a curto prazo": lucros baseados no financiamento da dívida. A especulação imobiliária foi estendida à classe trabalhadora, quando assalariados sem poupanças pessoais ou activos aproveitaram-se do seu acesso fácil a empréstimos para juntarem-se ao frenesi induzido pelos especuladores – com base numa ideologia da ascensão irreversível dos valores das casas. O colapso inevitável repercutiu através de todo o sistema – detonado na base da cadeia especulativa. Desde os participantes mais recentes até os possuidores de hipotecas imobiliárias subprime, a crise moveu-se em sentido ascendente afectado os maiores bancos e corporações, os quais empenharam-se em compras alavancadas e aquisições. Todos os "sectores", que haviam "diversificado" da manufactura para as finanças, comércio e especulação com commodities, foram degradados. Todo o conjunto dos capitalistas enfrentava a bancarrota. Exportadores industriais alemães, japoneses e chineses testemunharam o colapso dos seus mercados de exportação.
O arrebentar da bolha financeira foi o produto da "super-acumulação" de capital industrial e da pilhagem de riqueza numa escala mundial. A super-acumulação está enraizada na relação capitalista mais fundamental: a contradição entre propriedade privada e produção social, a concentração simultânea de capital e o declínio agudo de padrões de vida.
Os indicadores estão por toda a parte
Indicadores do aprofundamento da depressão em 2009 encontram-se por toda a parte.
As bancarrotas subiram 14% em 2008 e deve subir outros 20% em 2009 (Financial Times, 25/Fevereiro/2009; p27).
A redução do valor dos grandes bancos ocidentais já chega a um milhão de milhões de dólares e continua a crescer (segundo o Institute for International Financing, o lobby dos grupos bancários em Washington). ( Financial Times, 10/Março/2009 p.9).
E de acordo com o Financial Times (ibid) as perdas verificadas dos bancos tendo de marcar os seus investimentos abaixo dos preços de mercado elevam-se a 3 milhões de milhões de dólares – o equivalente ao valor de um ano da produção económica britânica. No mesmo relatório do Banco de Desenvolvimento da Ásia é citado como tendo estimado que os activos financeiros no mundo todo haviam caído em mais de US$50 milhões de milhões – um número da mesma ordem de grandeza do produto anual global. Em 2009, os EUA incidirão num défice orçamental de 12,3% do produto interno bruto... défices fiscais gigantes... que acabarão por arruinar as finanças públicas.
Os mercados mundiais têm estado numa queda vertical:
O TOPIX (índice de preços de acções de Tóquio) caiu de 1800 em meados de 2007 para 700 no princípio de 2009;
O Standard and Poor de 1380 no princípio de 2008 para menos de 700 em 2009;
O FTSE 100 (Financial Times & Stock Exchange) de 6600 para 3600 no princípio de 2009;
O Hang Seng (índice chinês) de 32,000 no princípio de 2008 para 13,000 no início de2009 ( Financial Times, 25/Fevereiro/2009; p27).
No quarto trimestre de 2008, o PIB contraiu-se à taxa anualizada de 20,8% na Coreia do Sul, 12,7% no Japão, 8,2% na Alemanha, 2,9% no Reino Unido e 3,8% nos EUA (FT, 25/Fevereiro/2009, p9).
O Dow Jones Industrial Average declinou de 14,164 e Outubro de 2007 para 6500 em Março de 2009.
Year on year declines in industrial output were 21% in Japan, 19% in South Korea, 12% in Germany, 10% in the US, and 9% in the UK (Financial Times, Feb.25, 2009; p.9.)
Prevê-se que os fluxos de capital privado líquido para países capitalistas menos desenvolvidos a partir dos países imperiais se retraiam em 82% e os fluxos de crédito em US$30 mil milhões ( Financial Times, 25/Fevereiro/2009; p9).
A economia dos EUA declinou 6,2% nos últimos três meses de 2008 e caiu mais uma vez no primeiro trimestre de 2009 devido a um declínio agudo das exportações (23,6%) e dos gastos do consumidor (4,3%) no último trimestre de 2008 (British Broadcasting Corporation, 27/Fevereiro/2009).
Com mais de 600 mil trabalhadores a perderem mensalmente os seus empregos nos primeiros três meses de 2009 e muitos mais a trabalharem menos horas e programados para despedimento durante 2009, o desemprego real e disfarçado por atingir 25% no fim do ano. Todos os sinais apontam para uma depressão profunda e prolongada:
As vendas de automóveis da General Motors, Chrysler e Ford baixaram aproximadamente 50% de ano para ano (2007-2008). O primeiro trimestre de 2009 assistiu a um novo declínio de 50%.
Os mercados externos estão a secar na medida em que a depressão se propaga além-mar.
No mercado interno dos EUA, as vendas de bens duráveis estão a declinar em 22% (BBC, 27/Fevereiro/2009).
Os investimentos habitacionais caíram em 23,6% e o investimento em negócios baixou 19,1%, seguido por uma queda de 27,7% em equipamento e software.
A maré ascendente da depressão é conduzida pelo desinvestimento dos negócios privados. Aumentos de stocks, declínio de investimento, bancarrotas, arrestos, bancos insolventes, perdas acumuladas maciças, acesso restrito ao crédito, queda nos valores dos activos e uma redução de 20% na riqueza familiar (mais de 3 milhões de milhões de dólares) são causa e consequência da depressão. Em resultado do colapso dos sectores industrial, mineiro, imobiliário e comercial, há pelo menos US$2,2 milhões de milhões de dívida bancária "tóxica" (não cumprida) à escala mundial, muito para além dos fundos de salvamento distribuídos pela Casa Branca em Outubro de 2008 e em Fevereiro e Março de 2009.
A depressão está a diminuir a presença económica mundial dos países imperiais e a minar as estratégias exportadoras financiadas pelo capital estrangeiro da América Latina, Europa do Leste, Ásia e regiões africanas.
Entre quase todos os economistas convencionais, sábios, conselheiros de investimento e vários peritos sortidos e historiadores económicos há uma fé comum em que "no longo prazo" o mercado de acções venha a recuperar-se, que a recessão acabe e que o governo venha a retirar-se da economia. Presos a noções de padrões cíclicos passados, "tendências" históricas, estes analistas perdem de vista as realidades do presente, as quais não têm precedente: a natureza mundial da depressão económica, a velocidade sem precedentes da queda e os níveis de endividamento incorridos pelos governos para sustentar bancos e indústrias insolventes e os défices públicos sem precedentes, os quais irão exaurir recursos de muitas gerações futuras.
Os profetas académicos do "desenvolvimento a longo prazo" seleccionam arbitrariamente marcadores de tendência do passado, os quais foram estabelecidos na base de uma contexto político económico radicalmente diferente de hoje. A tagarelice dos economistas "pós crise" passa por alto os parâmetros ilimitados e constantemente em mutação, ignorando portanto os verdadeiros "marcadores de tendência" da actual depressão. Como notou um analista, "quaisquer condições de partida que seleccionemos nos dados históricos não podem replicar as condições de partida em qualquer outro momento porque os eventos precedentes em ambos os casos nunca são idênticos" (Financial Times, 26/Fevereiro/2009, p24). A actual depressão estado-unidense verifica-se no contexto de uma economia desindustrializada, de um sistema financeiro insolvente, de défices fiscais recordes, de défices comerciais recordes, de dívida pública sem precedentes, de dívida externa de muitos milhões de milhões de dólares e de bem mais de US$800 mil milhões de dólares comprometidos em despesas militares com as várias guerras e ocupações em curso. Todas estas variáveis desafiam os contextos nos quais se verificaram as depressões anteriores. Nada nos contextos anteriores que levaram a uma crise do capitalismo assemelha-se à situação presente. A actual configuração de estruturas económicas, políticas e sociais do capitalismo inclui níveis astronómicos de pilhagem estatal do tesouro público a fim de apoiar bancos e fábricas insolventes, envolvendo transferências sem precedentes de rendimento dos contribuintes assalariados para "rentistas" não produtivos e para capitalistas industriais fracassados, cobradores de dividendos e credores. A taxa e os níveis de apropriação e redução de poupanças, pensões e planos de saúde, tudo sem qualquer compensação, levaram à mais rápida e generalizada redução de padrões de vida e de empobrecimento em massa na história recente dos EUA.
Nunca na história do capitalismo verificou-se uma crise económica profunda sem qualquer movimento socialista, partido ou Estado alternativo presente para mostrar outra opção. Nunca Estados e regimes estiveram sob controle tão absoluto por parte da classe capitalista – especialmente na distribuição de recursos públicos. Nunca na história de uma depressão económica tantos gastos do governo foram tão unilateralmente destinados a compensar uma classe capitalista fracassada com tão pouco indo para salários e trabalhadores assalariados.
As nomeações e políticas económicas do regime de Obama reflectem claramente o controle total da classe capitalista sobre as despesas e o planeamento económico do Estado.
Obama e a crise capitalista: Uma análise de classe
Os programas apresentados pelos EUA e os países da Europa ocidental e outras regiões capitalista nem mesmo começam a reconhecer as bases estruturais da depressão.
Primeiro, Obama está a distribuir US$1 milhão de milhões de para comprar activos bancários sem valor e mais de 40% do seu pacote de estímulo de US$787 mil milhões a bancos insolventes e reduções fiscais, ao invés de distribui-los ao sector produtivo, a fim de salvar possuidores de acções e títulos, ao passo que mais de 600 mil trabalhadores por mês perdem os seus empregos.
Segundo, o regime Obama está a canalizar mais de US$800 mil milhões para financiar as guerras no Iraque e no Afeganistão para sustentar a construção do império pela via militar. Isto constitui uma transferência maciça de fundos públicos da economia civil para o sector militar, forçando dezenas de milhares de jovens desempregados a alistarem-se nas forças armadas ( Boston Globe, 01/Março/2009).
Terceiro, o compromisso de Obama para supervisionar a "reestruturação" da indústria automobilística dos EUA apoiou os seus planos para encerrar grande número de fábricas, eliminando planos de saúde para aposentados financiados pelas companhias e forçando dezenas de milhares de trabalhadores a aceitarem reduções brutais nos cuidados de saúde e nas pensões. Todo o fardo para devolver os lucros à indústria automobilística de propriedade privada é colocado sobre os ombros dos assalariados e dos trabalhadores aposentados, bem como dos contribuintes dos EUA.
Toda a estratégia económica do regime de Obama é salvar os possuidores de títulos despejando incontáveis milhões de milhões para dentro de corporações insolventes e comprando as dívidas sem valor e activos inúteis de empresas financeiras. Ao mesmo tempo o seu regime evita quaisquer investimentos directos do Estado em empresas produtivas de propriedade pública, os quais proporcionariam emprego aos 10 milhões de trabalhadores desempregados. Enquanto o orçamento de Obama distribui mais de 40% para despesas militares e pagamentos de dívida, 1 em cada 10 americanos foram despejados dos seus lares, o número de americanos sem empregos está a elevar-se a dois dígitos e o número de americanos dependentes de auxílios alimentação ("food stamps") para conseguir alimentos básicos necessários está a elevar-se aos milhões em 2009.
O esquema de "criação de emprego" de Obama canaliza milhares de milhões para corporações privadas de telecomunicações, construção, ambiente e energia, onde o grosso dos fundos do governo vão para a administração e a equipe superior e proporciona lucros aos accionistas, ao passo que uma parte menor irá para salários de trabalhadores. Além disso, o grosso dos trabalhadores desempregados nas áreas da manufactura e dos serviços não são nem remotamente empregáveis nos sectores "receptores". Só uma fracção do "pacote de estímulo" será distribuída em 2009. A sua finalidade e impacto será suster o rendimento da classe dominante financeira e industrial e adiar a sua morte há muito protelada. O seu efeito será agravar as desigualdades sócio-económicas entre a classe dominante e os trabalhadores assalariados. Os aumentos de impostos sobre os ricos são incrementais, ao passo que as dívidas maciças resultantes dos défices fiscais são impostos aos contribuintes assalariados do presente e do futuro.
O abraço de Obama, de corpo e alma, e a promoção da construção do império sob a égide militar mesmo em meio a défices orçamentais recordes, enormes défices comerciais e uma depressão a avançar define um militarista sem igual na história moderna. Apesar das promessas em contrário, o orçamento militar para 2009-2010 excede o da administração Bush em pelo menos 4%. Os números das forças militares dos EUA aumentarão em várias centenas de milhares. O número de tropas americanas no Iraque permanecerá próximo do seu pico e aumentará em dezenas de milhares no Afeganistão, pelo menos ao longo de 2009 (apesar das promessas em contrário). Os ataques aéreos e terrestres dos militares dos EUA ao Paquistão multiplicaram-se geometricamente. As principais nomeações de política externa de Obama, no Departamento de Estado, Pentágono, Tesouro e Conselho de Segurança Nacional, especialmente no que envolve o Médio Oriente, são predominantemente de sionistas militaristas com um longo historial de advocacia da guerra contra o Irão e com laços estreitos com o alto comando israelense.
Em suma, as mais altas prioridades do regime Obama são evidenciadas pela sua distribuição de recursos financeiros e materiais, as suas nomeações de decisores económicos e de política externa de topo e em termos de quais as classes que beneficiam e quais as que perdem sob a sua administração. As políticas de Obama demonstram que o seu regime está totalmente comprometido com o salvamento da classe capitalista e do império dos EUA. Ao actuar assim, ele está disposto a sacrificar as necessidades imediatas básicas e os interesses futuros, bem como os padrões de vida, da vasta maioria dos americanos trabalhadores e proprietários de casas que são os mais directamente afectados pela depressão económica interna. A "recuperação económica" de Obama e as estratégias de escalada militar de Obama são financeiramente e fiscalmente incompatíveis; o custo de uma mina o impacto da outra e deixa um tremendo buraco em quaisquer esforços para contraria o colapso de serviços sociais, o aumento dos arrestos de casas, as bancarrotas de negócios e os despedimentos maciços.
As transferências horizontais de riqueza pública da elite governante de Obama para a classe económica dominante não "goteja" em empregos, crédito e serviços sociais. Tentar transformar bancos insolventes em prestamistas de crédito, empresas lucrativas, é um oxímoro. O dilema central para Obama é como criar condições para restaurar a lucratividade nos sectores fracassados da economia existente dos EUA.
Há vários problemas fundamentais com a sua estratégia:
Primeiro, a estrutura económica dos EUA, a qual outrora gerou emprego, lucros e crescimento, já não existe mais. Ela foi desmantelada durante o desvio de capital para além-mar e para instrumentos financeiros e outros sectores económicos não produtivos.
Segundo, as políticas de "estímulo" de Obama reforçam a opressão financeira sobre a economia ao canalizar grandes recursos para este sector ao invés de "reequilibrar" a economia em direcção ao sector produtivo. Mesmo dentro do "sector produtivo" os recursos dos Estado são destinados a subsidiar elites capitalistas que demonstraram a sua incapacidade para gerar emprego sustentado, promover a competitividade do mercado e inovar de acordo com as preferências e interesses do consumidor.
Terceiro, a estratégia e económica de Obama de recuperação "de cima para baixo" dissipa a maior parte do seu impacto ao subsidiar capitalistas fracassados ao invés de elevar o rendimento da classe trabalhadora pela duplicação do salário mínimo e dos benefícios de desemprego, os quais são a única base real para incrementar a procura e estimular a recuperação económica. Dado o declínio dos padrões de vida resultantes da decadência interna e da expansão do império por meios militares, ambos incorporados no fundamento institucional do Estado, não há possibilidades para a espécie de transformação estrutural que possa reverter as políticas "de cima para baixo" promovidas pelo regime Obama.
A recuperação do aprofundamento da depressão não está em efectuar uma operação de impressão de muitos milhões de milhões de dólares, os quais apenas criam condições para a hiper-inflação e a degradação (debasement) do dólar. A causa raiz é a super acumulação de capital resultante da super exploração do trabalho, levando à ascensão das taxas de lucro e ao colapso da procura. A vasta disparidade entre expansão do capital e declínio do consumo do trabalhadores estabeleceu o cenário para a bolha financeira.
A "reequilibragem" da economia significa criar procura (não de um absolutamente prostrado sector produtivo privado ou de um sistema financeiro insolvente) via propriedade estatal directa e investimento a longo prazo e em grande escala na produção de bens e serviços sociais. Toda a "superestrutura" especulativa, a qual cresceu para enormes proporções ao alimentar-se com o valor criado pelo trabalho, multiplicou-se numa miríade de "instrumentos de papel" divorciados de qualquer valor de uso. Toda a economia de papel precisa ser desmantelada a fim de libertar as forças produtivas dos grilhões e constrangimentos dos capitalistas improdutivos e dos seus apaniguados. Um vasto programa re-treinamento precisa ser estabelecido para converter correctores de acções em engenheiros e trabalhadores produtivos. A reconstrução do mercado interno e a invenção e a aplicação de inovações para elevar a produtividade exige o desmantelamento maciço do império mundial. Bases militares custosas e improdutivas, os elementos essenciais para a construção do império, deveriam ser encerradas e substituídas por redes comerciais, mercados e transacções económicas ligadas a produtores a operarem fora dos seus próprios mercados. A reversão da decadência exige o fim do império e a construção de uma república democrática socialista. Fundamental para o desmantelamento do império é o fim de alianças políticas com potências militaristas além mar, em particular com o Estado de Israel e a erradicação de toda a sua configuração de poder interno, a qual mina esforços para criar uma sociedade democrática aberta que sirva os interesses do povo americano.
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