A realidade do terreno: sucessivas derrotas e grande quantidade de baixas dos Contras
Por Ghaleb Kandil
A guerra mundial lançada contra a Síria caracterizou-se, na semana passada, por uma escalada – no terreno e nos meios de imprensa – tendente a fazer crer que a oposição armada estava lançando um ataque geral contra Damasco.
Nos dias anteriores, os Contras e os grupos takfiristas tinham montado, com grande barulho mediático, todo um espectáculo sobre o seu suposto controlo da província de Idlib, com a batalha de Maaret al-Noomane (na estrada Damasco-Alepo), e disseram ter ocupado importantes bases do Exército Árabe Sírio.
Mas deu-se uma viragem na batalha de Maaret al-Noomane. A televisão síria transmitiu imagens da rua principal dessa cidade, onde pode ver-se que os soldados sírios controlam a maioria dos bairros. Reportagens similares foram transmitidas de numerosas regiões de Idlib, província que os grupos terroristas diziam ter ocupado, incluindo a base aérea. Nas imagens, apenas dois dias atrás, podem ver-se dezenas de helicópteros assim como forças terrestres.
Assim o plano destinado a controlar a província de Idlib fracassou e os Contras sofreram uma grande quantidade de baixas. E foi para esconder esta grave derrota que os centros de operações instalados na Turquia decidiram empreender uma campanha mediática sobre supostos «assaltos decisivos». Os bandos armados esqueceram a sua derrota em Idlib e já não falam de Maaret al-Noomane ou sequer da base militar de Wadi Deif, que supostamente estava cercada e a ponto de cair nas suas mãos.
E, para desviar as atenções da catástrofe que acabam de sofrer recorreram a três tipos de operações em Damasco e arredores: em primeiro lugar, á multiplicação de atentados com carros-bomba, organizados por grupos infiltrados em vários bairros da capital. Estes ataques não surpreenderam o comando do exército sírio, que sabe perfeitamente que será longo o enfrentamento com o que resta dos bandos armados depois da destruição das suas forças principais. O objetivo dos atentados com carros-bomba é semear a confusão nas fileiras dos serviços de segurança, obter uma certa repercussão mediática e criar um ambiente de medo na população síria.
Também intensificaram a campanha de assassínios em Damasco, onde foram mortos o irmão do presidente do parlamento sírio e vários funcionários da administração pública e do Banco Central. O que não é novidade. Há muitos meses que os Contras têm vindo a cometer este tipo de crimes e os serviços de segurança perseguem as células de infiltrados que os perpetram.
E, finalmente, grupos armados móveis de várias dezenas de terroristas posicionaram-se em campo aberto o mais próximo possível da cidade para realizar vários disparos de morteiro contra bairros de Damasco, para dar a impressão de um ataque em pleno coração da capital. Na maioria dos casos o Exército sírio reagiu rapidamente, atacando esses grupos armados com a força aérea ou com tropas terrestres para liquidá-los. Mas trata-se na realidade de grupos insignificantes de apenas umas tantas dezenas de terroristas.
Ao mesmo tempo, os bandos armados activaram também grupos criados dentro dos acampamentos palestinianos para atacar as organizações palestinianas e o exército sírio. Esta nova frente foi contida rapidamente através dos comités populares criados pelos habitantes dos acampamentos e das organizações palestinianas tendo sido os grupos armados expulsos ou destruídos.
Os acontecimentos dos últimos dias demonstram em todo o caso que os Contras, teledirigidos pela aliança atlântica e financiados pelos petrodólares, não conseguiram modificar a correlação de forças, apesar dos milhares de combatentes que enviaram para o campo de batalha e que foram mortos em grande número ou capturados. Vários chefes, citados pelas agências de notícias Reuters e AFP, reconheceram que lhes era impossível conservar o controlo de toda a região que ocupavam.
Além disso, o clima popular mudou a favor do Estado sírio. A AFP reportou uma manifestação de habitantes de vários bairros de Alepo reclamando que os bandos armados saíssem da cidade. E aos terroristas «democratas» apoiados pelo Ocidente não lhes ocorreu outra coisa senão a de abrir fogo sobre aqueles civis desarmados e pacíficos, deixando um saldo de numerosas vítimas. O mesmo ambiente existe em Homs, Daraa, Deir Ezzor e em outras cidades.
Não será, pois, certamente a nova aliança, chamada a servir de nova fachada à oposição, fabricada em Doha sob a supervisão dos Estados Unidos e das petro-monarquias sob o comando de um religioso, o xeque Ahmad Maaz al-Khatib, que vai lograr modificar a correlação de forças.
Os sírios deram a sua última palavra: a independência e a soberania são as linhas vermelhas e eles estão dispostos a fazer qualquer sacrifício com o propósito de defendê-las.
Declarações e posições
Bachar al-Assad, presidente da República Árabe Síria
«A invasão estrangeira da Síria, caso se viesse a verificar, seria tão grave que o mundo inteiro seria incapaz de tolerá-la. Porque se há problemas na Síria, quando nós somos o último bastião do laicismo, da estabilidade e da convivência, conduziria a um efeito de dominó que afectará todo o mundo, desde o Oceano Atlântico até ao Pacífico. O Ocidente não avançará nessa direção. Mas se o fizer, ninguém poderá prever as consequências. (…) Eu não sou um títere e não fui fabricado pelo Ocidente para sair para o Ocidente nem para qualquer outro lado. Eu sou sírio. Viverei e morrerei na Síria. (…) [O primeiro-ministro turco Erdogan] comporta-se como um sultão do Império Otomano e julga que é um califa. Com a questão síria passou da política de zero problemas para a de zero amigos. (…) A saída ou não do presidente sírio só pode decidir-se através das urnas […] A Síria não está a viver uma guerra civil. Mas sim um assunto de terrorismo e tem que ver com o apoio externo de que gozam os terroristas para desestabilizar a Síria. (…) Temos que pensar que vai ser uma guerra dura e difícil. Não se pode esperar que um pequeno país como a Síria possa vencer em questão de dias ou de semanas todos os países que estão a atacar-nos através de intermediários, como o estão fazendo os Estados Unidos, o Ocidente e vários países árabes. (…) Se cessasse o respaldo aos rebeldes a partir do estrangeiro, posso dizer que tudo terminaria em questão de semanas. Mas enquanto houver um aprovisionamento ininterrupto de armas aos terroristas, de logística e de tudo o mais, será uma guerra de longa duração.»
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