Comunicado dos Superiores máximos da Companhia de Jesus do Médio Oriente e da Europa. Reunidos em Roma, à volta do Papa Francisco, fazem um apelo às partes envolvidas no conflito e às autoridades internacionais para fazer avançar, o mais depressa possível, o processo de paz.
Nós, os Provinciais Jesuítas, como superiores máximos da Companhia de Jesus no Próximo Oriente e na Europa, ouvimos com alegria a recente declaração do Santo Padre sobre a Síria. Com todas as suas forças, Ele alertou a opinião internacional para a tragédia síria e pediu para “as partes em conflito ouvirem a voz das suas consciências e se não fecharem nos seus próprios interesses”. Ao seu lado, declaramos também que “não é nunca o uso da violência que conduz à paz”, mas que a única via para a paz está na cultura dos encontros e do diálogo”.
Passos para a paz
Congratulamo-nos pelo facto de a ameaça de ataques aéreos contra a Síria ter terminado e com o lançamento do processo visando a destruição de todas as armas químicas encontradas em solo sírio. Apoiamos das negociações levadas a cabo para a realização de uma conferência de paz para a Síria e desejamos vivamente que este processo de paz avance de forma rápida, corajosa e firme. Pedimos a todas as partes em conflito, assim como à comunidade internacional que:
– diligenciem urgentemente um cessar-fogo garantido por uma autoridade internacional;
– estabeleçam um guião para a preparação de uma reunião entre todas as partes em conflito;
– reúnam uma conferência de paz para que se encontre um acordo comum que possa salvaguardar a vida dos sírios.
Mobilização social e civil
Ao mesmo tempo, apelamos, uma vez mais, à mobilização de todos os organismos civis e sociais pra ajudarem a população síria a fazer face a uma das maiores tragédias humanitária do nosso século. A assistência aos refugiados, dentro e fora do país (cerca de um quarto da população), tem necessidade, com a maior urgência, de comida, remédios e cuidados, da libertação dos detidos e dos reféns e da reabertura das instituições escolares.
Interesses em jogo
Desejamos também chamar a atenção para a necessidade de se reconhecer e de se alertar para os reais interesses que estão em jogo, ao mesmo tempo regional e internacionalmente, e que infelizmente nem sempre correspondem aos interesses do povo sírio. E apelamos, muito especialmente, a uma reflexão sobre as consequências do fabrico e venda de armas. Pedimos que cesse o fornecimento e venda de armas a todas as partes em conflito.
Discernimento necessário
Convidamos a comunidade internacional a que recuse todo o apoio quer diplomático, quer militar a qualquer das partes que preconize qualquer forma de violência, de fanatismo ou extremismo. O respeito pela dignidade da pessoa humana assim como pelos seus direitos deveria constituir um pré-requisito incontornável para qualquer ajuda material.
As comunidades cristãs na Síria
Enfim, pedimos uma especial atenção para destino das comunidades cristãs da Síria. Presentes na região desde o início da era cristã, estas comunidades constituem um elemento inseparável do seu tecido social, da sua riqueza cultural e contribuem activamente para o seu desenvolvimento. As soluções que preconizam o exílio ou a eliminação destas comunidades são inaceitáveis. Desejamos encorajar estas comunidades cristãs e assegurar-lhes que elas podem ter um papel importante nas suas sociedades através do seu fiel testemunho ao Evangelho; um Evangelho que apela à paz, à justiça, ao perdão, à compreensão e à reconciliação.
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