A Comunidade Sudamericana de Nações nasceu na cidade peruana de Cusco, dividida entre um modelo de integração econômica, aos moldes da União Européia, e outro modelo, em que o social não seja mera figura decorativa.
Com a ausência de quatro dos 12 chefes de Estado representantes dos países do Sul, os presidentes aproveitaram a retórica de integração em referência a Símon Bolívar e assinaram um documento, dia 8, com bases mais semelhantes ao discurso de Washington.
"Criaremos a verdadeira pátria latinoamericana (...) perdemos um século esquecendo de nós mesmos. Vamos recuperar esse século. É inevitável a integração da América do Sul, econômica, física e culturalmente", disse o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da cúpula.
O novo bloco do sul se convertirá no terceiro maior do mundo, superado apenas pela União Européia e pelo Tratado de Livre Comércio do Norte (Nafta). A nova comunidade abriga uma população conjunta de 361 milhões de habitantes, com um Produto Interno (PIB) de 973 milhões de dólares, em uma das maiores reservas naturais do planeta.
Uma das características principais do bloco será a integração energética e de infra-estrutura, para a qual está estimado o investimento de 4.316 milhões de dólares. Enrique Iglesias, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), disse que esse era o "mapa para começarmos a trabalhar", em alusão aos 31 projetos de infra-estrutura que compõem o processo de integração.
Além da infra-estrutura, segundo o documento que oficializa a criação do bloco, será criado um sistema de cooperação política entre os 12 países-membros, e um acordo de livre comércio entre os países andinos (Equador, Colômbia, Venezuela e Bolívia) e o Mercosul, assinado em outubro.
O discurso do anfitrião, Alejandro Toledo, sinaliza qual modelo o bloco pretendem seguir: "Mais cedo que tarde, teremos moeda única, um só passaporte e um parlamento com representantes eleitos pelo voto direto nesta nação que estamos criando"
Além da retórica
Nos bastidores a cúpula foi marcada pelo descontentamento ao excesso de retórica e escassez de atitudes concretas. A sequência de encontros, principalmente entre os mandatários latinoamericanos, foi criticada pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe, e de seu homólogo chileno, Ricardo Lagos, que afirmaram que as cúpulas estavam se tornando meros encontros "burocráticos".
Supostamente este foi o mesmo motivo da ausência do argentino Nèstor Kirchner, que preferiu não ir a Cusco. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, Lula comprometeu-se a fazer "todos os esforços, todas as conversas e todas as viagens" para que o processo de integração seja uma realidade.
A avaliação de Lula destoa das dos demais. A seu ver, nos 23 meses em que está no cargo, as cúpulas mostraram-se extremamente produtivas. Na ocasião, Lula qualificou como "ansiedade" (por resultados) do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que, prometeu cobrar uma integração feita "pelos povos, e não pelos interesses econômicos".
Chávez, na saída da sessão de trabalho fechada da 3ª Cúpula de Presidentes da América do Sul, respondeu: "Ansiosos estão os que ainda não comeram nada hoje, ansiosos estão os desempregados. Eu talvez seja apenas quem lhes dê voz".
com informações da Radiobrás e Venpres
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