O principal responsável pela queda de José Dirceu é José Dirceu. A arrogância, a sede de poder, a postura infantil com que pretendeu ser o primo inter pares e a maneira como se jactava de mandar no presidente da República (como se todos não mandassem), levaram o tal super ministro à situação em que se encontra.
Acuado e acusado da prática de irregularidades diversas no des/governo Lula.
Não há golpe contra Lula e nem haveria necessidade disso. O presidente enforca-se na própria corda. É da lavra do deputado tucano Paulo Delgado, homem de FHC no PT, a frase (vive de fazer frases) “o presidente é menor que o cargo que ocupa”. Foi dita quando José Sarney ocupava o cargo. Vale para Lula.
José Dirceu, no máximo, para não dizer que não concordo com alguma coisa que Roberto Jéferson tenha dito, uma só, foi mero aprendiz de Rasputin. Padece da síndrome de secretário geral.
O golpe na América do Sul é contra Chávez, o presidente da Venezuela. E na América Latina é também contra a revolução cubana. Estende-se às preocupações do governo dos EUA com eventuais presidentes de esquerda no México, além da reeleição de Chávez e a eventual vitória de Evo Morales na Bolívia.
Com Tabaré Vasquez no Uruguai, um possível presidente não Colorado no Paraguai e uma socialista não comprometida com a facção de Lagos no Chile, a soma de tudo isso tira o sono de Bush e sua organização terrorista, a Casa Branca.
Dirceu era o ponto de apoio dos governos da Venezuela e Cuba no des/governo Lula. Sabia disso, colocou em risco todo um processo e permitiu, aí o problema, permitiu, pois sabia e se não sabia deveria saber, que braços dos norte-americanos na política brasileira (tucanos e PFL principalmente), não precisassem mais que um sopro mal dado para complicá-lo.
A direita jamais se preocupou com Lula desde que FHC abriu as portas dos banheiros do Alvorada, em janeiro ou fevereiro de 1999 e o metalúrgico deslumbrou-se com o dito, do tamanho de um apartamento de dois quartos, ou de um quarto sei lá, um banheirão.
O deputado e ex-ministro imaginou que poderia engolir todos os adversários, levar no bico ou no seu chicote, como costumava fazer com a maioria dos deputados e senadores do seu partido, para no final emergir como eventual sucessor de Lula, ou próximo ocupante do Palácio dos Bandeirantes, uma espécie de obsessão entre petistas do campo majoritário.
A combinação de interesses contrariados na iniciativa privada (a maior quadrilha em operação no mundo), tucanos, pefelistas e a esse bolo, para crescer na hora de assar, acrescente-se o governo Bush, levou de roldão o “secretário geral”.
Eu me recordo de um dirigente petista que depois de militar anos e anos, gramar, como se costuma dizer, na mais absoluta luta pela sobrevivência, fazia e faz questão de entrar no banco na hora em que a sua agência está mais lotada, batendo com o cartão de crédito na testa, como se estivesse distraído, ou brincando, no exibicionismo infantil de quem está no governo, na verdade ocupa um cargo na imensa burocracia petista.
Dirceu foi só isso. Achou que era mais esperto que os muitos fernandos da política brasileira. Que no momento certo jogaria a todos para escanteio.
O golpe que se delineia é contra o governo Hugo Chávez. Bush quer liquidar a fatura antes de deixar o governo, em 2008. Como pretende, segundo ele, “libertar” Cuba. Deve ser para transformá-la numa prisão como o fez em Guantánamo.
E não foi por outra razão que FHC esteve nos EUA há dois meses participando de um seminário promovido pelo Departamento de Estado sobre a América Latina, onde disparou críticas contra Chávez e a política externa de Lula.
Críticas que tornou a fazer já no Brasil, faz sistematicamente, são ordens dos que pagam. Nem foi de graça para lançar livro que Bil Clinton esteve por aqui. Cisneiros, antes do plebiscito de agosto do ano passado na Venezuela, também veio lançar livro enquanto articulava com GLOBO, VEJA, FOLHA, ESTADÃO, JB, ÉPOCA, etc, etc, um jeito de fraudar os resultados e derrubar Chávez.
Clinton veio sentir o pulso do golpe, costurar algumas alianças, analisar in loco a situação e além de apresentar um relatório ao atual presidente do seu país, discutir com os protagonistas daqui como agir.
A decisão de Lula de cair de quatro para o PMDB, aceitar qualquer negócio, mostra que o presidente, entre outras coisas, neste momento, por absoluta falta de condições, resolveu deixar a reeleição de lado confiando na recuperação do seu governo e vai aceitar o jogo jogado segundo os interesses dos principais acionistas do Estado. Aceitou desde o primeiro dia, só que agora o aceite é escancarado.
A direita nunca temeu o Lula paz e amor.
Já José Dirceu foi só um projeto de qualquer coisa que naufragou na própria incapacidade de dar braçadas seguras e precisas. Eu tenho impressão que o “camarada de armas” da ministra Dilma Roussef, sonhava com estátuas/imagens à sua semelhança em todo o Brasil. No Corcovado, ao lado da Pe. Cícero em Juazeiro e vai por aí afora.
A confissão de Lula que estaria decepcionado com o ex-ministro, com Delúbio e com Genoíno, é só outra confissão/justificativa, meio cretina. Lula não que não tem a menor idéia de coisa alguma que se passa fora dos banheiros do Alvorada. É lá que ele acha que vai mudar a história da humanidade.
É uma figura patética e deveria, no mínimo, tentar respeitar seu passado.
O que sobra para as forças populares é constatar que o institucional acabou e buscar nas ruas formas de resistir e impedir o processo de recolonização do Brasil.
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