Bombardear – declarou a ministra da Defesa, Pinotti, do Partido Democrático (PD) – “não deve ser um tabu”. Cai assim na Itália e na Europa o tabu da guerra e, com isso, também o do nazismo. Em Kíev, informa a agência Ansa em uma documentada reportagem de 4 de novembro, chegam toda semana do centro da Europa (incluindo a Itália) e dos Estados Unidos dezenas de “profissionais da guerra” recrutados sobretudo pelo Pravy Sektor [1] e pelo batalhão Azov, de clara característica nazista.
Os batalhões neonazistas fazem parte da Guarda Nacional, treinada por instrutores estadunidenses e britânicos. Nesse âmbito são treinados e armados também os estrangeiros, enviados, assim, para combater no Donbass contra os russos da Ucrânia. Ao voltarem à pátria, recebem o “passaporte ucraniano”, um tipo de salvo-conduto que pode servir em “todo o mundo”.
O quadro é claro. A Ucrânia de Kíev, já de fato na Otan sob o comando estadunidense, tornou-se o “santuário” do nazismo que ressurge no coração da Europa. O regime de Kíev pôs fora da lei não somente o Partido Comunista, mas o comunismo como tal, cuja proclamação é considerada um crime.
Transformou a Ucrânia em centro de recrutamento de neonazistas provenientes de países europeus e de fora da Europa, de fato selecionados, treinados e armados pela Otan. Depois de terem sido postos à prova em ações militares reais no Donbass, retornam com o “salvo-conduto” do passaporte ucraniano aos seus países, inclusive a Itália. Quem é mais capaz, entra na nova Gladio, pronta, se necessário, a provocar outra “Praça Maidan” (ou pior) na Europa. Tudo isto com a conivência dos governos europeus.
Aos que consideram tal cenário “conspirativo”, aconselhamos dar uma olhada na intervenção de Ferdinando Imposimato, presidente honorário do Supremo Tribunal de Cassação, na Convenção internacional organizada em Roma em 26 de outubro pelo Comitê Não à Guerra, Não à Otan. Ele afirma que “nas investigações que fiz sobre as tragédias que ocorreram na Praça Fontana, de Capaci e de Via d’Amelio, se comprovou que os explosivos utilizados provinham das bases da Otan”. Aqui se reuniam os terroristas, oficiais da Otan, mafiosos, políticos italianos e maçons, às vésperas dos atentados. E isto ocorria ininterruptamente desde o começo dos anos 1960”.
Em tal situação, continua, porém, a dominar, na esquerda italiana e europeia, o tabu da Otan. Na Itália, nenhum partido da oposição parlamentar tem no seu programa a saída da Otan.
Na Grécia, o Syriza de fato retirou do seu programa o objetivo de “fechar todas as bases estrangeiras na Grécia e sair da Otan”, como também o de “abolir os acordos de cooperação militar com Israel”, que ao contrário, têm sido reforçados com o que foi assinado em julho passado por Panos Kammenos, fundador do partido de direita Anel, ao qual o governo de Tsipras confiou o Ministério da Defesa.
O mesmo ocorre na Espanha, onde o Podemos, que tinha no seu programa um referendo sobre a saída da Otan, o redimensionou introduzindo no programa para as eleições de 20 de dezembro o objetivo de uma “maior autonomia estratégica da Espanha no seio da Otan”. Sergio Pascual, dirigente e candidato do Podemos em Sevilha, declara que sobre as bases militares estadunidenses na Espanha, “respeitaremos até a última vírgula os acordos assinados por nosso país”. O general Julio Rodriguez, candidato do Podemos a futuro ministro da Defesa, repete que “a Otan é necessária”. Como era em 2011 quando Rodriguez, na condição de chefe do Estado Maior, colaborava, como chefe da missão espanhola na Otan, no bombardeio da Líbia.
[1] Partido ucraniano de extrema-direita
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