A encenação dramática de remoção do Presidente Donald Trump continua. Após a primeira novela do «Russian Affair» ("O escândalo russo"-ndT), a segunda «The Ukrainian Affair» não parece melhor escrita. Acima de tudo, ela mostra a inabilidade dos Democratas em criticar o Presidente pelas suas políticas e pode virar-se contra eles.
Os Democratas na Câmara montaram uma exibição impressionante nas audiências do processo para a Destituição (impeachment) até agora. Eles fizeram saber que dispõem de mais testemunhas «estrela». Pela sua parte, alguns Republicanos na Câmara puseram dois diplomatas fora de combate, durante uns embaraçosos minutos, quando colocaram a questão de saber se algum deles tinha, pessoalmente, visto alguma missiva escrita por Trump ao Presidente ucraniano que pudesse ser interpretada como um quid pro quo ("troca de favores"- ndT). Outro aspecto que repetiram com frequência foi que, enquanto a Administração Obama tinha fraquejado em fornecer armas letais, a Administração de Donald Trump tinha concretizado isso incluindo o fornecimento de mísseis anti-tanque Javelin que os Ucranianos reclamavam. Daquilo que saiu das audições até agora, a maioria dos Democratas terá percebido que, do que transpirou até agora, destituição será uma acusação que talvez não leve a sua água ao moinho; Sendo a rejeição pela maioria Republicana no Senado um desenvolvimento posterior, se chegarmos até esse ponto. Portanto, parece que os Democratas se contentariam, no geral, se os procedimentos servissem para embaraçar Trump e a maneira como a política externa está sendo executada durante o seu mandato. Eles esperam que isso venha a prejudicar a sua contagem de votos. Quais são então as anomalias que os Democratas detestariam ter de enfrentar e os Republicanos até à data falharam em por à luz dos holofotes? As mais flagrantes estão resumidas nos parágrafos que se seguem.
A questão levantada pelos diplomatas, que não pararam de a ela voltar durante o depoimento, dizia respeito aos canais informais que estavam a trabalhar em simultâneo. Sem o enfatizar por muitas palavras, opinaram que isso minava os canais formais e, por implicação, eram irregulares e estavam a ser usados para fazer avançar a agenda do Presidente. Ora, será do conhecimento de tais diplomatas experimentados que o que eles chamam diplomacia irregular, e que países à volta do mundo denominam diplomacia de bastidores, é uma coisa bastante comum. Chefes de Estado por vezes fazem o mesmo por intermédio dos seus Conselheiros de Segurança Nacional, e muitas vezes através de representantes especiais, em cuja discrição têm total confiança para fazer chegar missivas seladas directamente ao Chefe de Estado que está a ser contactado. Não faltam exemplos de anteriores presidentes dos Estados Unidos que fizeram o mesmo. Uma das mais importantes aconteceu durante a Crise dos Mísseis em Cuba, quando o Presidente Kennedy usou o seu irmão, Robert Kennedy, para diplomacia de bastidores com o seu homólogo Russo. A diplomacia de bastidores foi bem sucedida. Os Russos concordaram em retirar os seus mísseis de Cuba e o mundo respirou de alívio. O quid pro quo era a retirada dos mísseis Júpiter da Turquia. Vários exemplos podem ser citados a partir de acções de outros países nas duas Guerras Mundiais e durante a Guerra Fria. Estas frequentemente evitaram resultados mais graves. A prática foi seguida pelos adversários durante a Guerra Fria. Após os anos da Guerra, muitos chefes de Estado, e seus governos, começaram a usá-la para o que tem sido denominado como diplomacia paralela ou diplomacia silenciosa, distante dos média (mídia-br) e olhares intrometidos. A Índia e o Paquistão têm feito o mesmo durante décadas. Mais vezes, do que o contrário, tem amortecido situações que podiam ter-se tornado explosivas.
Acções clandestinas de anteriores presidentes dos EUA, para fazer avançar a sua agenda, têm ocorrido no passado de tempos a tempos. Muitas nunca vieram à luz enquanto outras foram reveladas, ou desenterradas, bem depois dos eventos. A mais questionável e controversa teve lugar durante a presidência de Ronald Reagan. Relacionou-se com o que se tornou conhecido como o Escândalo Irão-Contras. Parece ter sido directamente dirigida a partir da Casa Branca sob égide do Presidente. No escândalo Irão-Contras, a Administração Reagan vendeu secretamente armas ao Irão para conseguir a libertação de reféns Americanos cativos no Líbano. O dinheiro da venda de armas ao Irão foi então usado para financiar os Contras, um grupo de guerrilha, dito «combatentes da liberdade», opostos ao governo Marxista da Nicarágua. O Coronel Oliver North, que se encontrou com o Presidente Reagan em várias ocasiões, foi escolhido para conduzir as negociações. Ficou também conhecido no Irão como o Escândalo McFarlane. Oliver North foi indiciado em dezasseis acusações no Escândalo Irão-Contras e considerado culpado em três— por ajudar ou colaborar na obstrução ao Congresso, destruindo ou alterando documentos oficiais e aceitando uma gratificação. As suas condenações foram mais tarde descartadas na base de que o seu testemunho protegido tinha contaminado o seu julgamento.
A mais flagrante omissão no julgamento de destituição, por parte de Nancy Pelosi e dos Democratas da Câmara, foi a de não terem debatido, cuidadosamente, os negócios do Vice-presidente Biden e do seu filho na Ucrânia antes do início das audiências de "impeachment", em discussões à porta fechada se achassem que isso era necessário. Se o tivessem feito, muitas perguntas que deveriam ter sido desmontadas liminarmente, podendo, ou não, ter surgido, mas no caso em que surgissem, eles teriam feito o seu trabalho de casa com antecedência e teriam tido respostas prontas. Não foi o caso. O Vice-presidente Biden foi colocado para ser o principal candidato Democrata a enfrentar Trump nas próximas eleições de 2020. As suas hipóteses eram consideradas brilhantes. Diligências apropriadas exigem que o envolvimento do antigo Vice-presidente e do seu filho, que muitos hoje em dia classificariam de questionáveis, seja completamente tratado em audições presenciais. Surgindo dúvidas, eles poderiam decidir adiar as audiências de destituição até que todos os assuntos tivessem sido clarificados de forma satisfatória.
É apenas uma questão de tempo até que os senadores Republicanos na Câmara apresentem isso quando as audiências avançarem. Ou, eles podem decidir virar a mesa decisivamente no Senado, quando chegar a hora de assunto passar para o Senado. Tanto quanto se sabe, a contrapartida (quid pro quo -ndT) de Trump estava relacionada com a exigência do governo Ucraniano investigar os negócios dos Biden pai e filho. Nas últimas semanas, Trump zombou, sem descanso, de Hunter Biden, ao ponto da sua campanha presidencial começar a vender camisetas que dizem: «Onde está o Hunter?», salientando que o filho do antigo Vice-presidente tinha sido mantido fora do foco do público por semanas. Num recente comício político, Trump observou que Hunter Biden tinha sido expulso da Marinha. Hunter Biden fora afastado da Reserva da Marinha, em 2014, depois de falhar num teste de drogas e tem lutado contra o abuso de álcool e drogas. Ele disse à ABC News que, «tal como todas as pessoas que já conheci, eu caí e levantei-me».
Os Democratas da Câmara deveriam perceber que, se as audições avançarem mais a fundo para indiciar Trump, as cartas podem virar-se contra eles. Se Biden se tornar, ou vier a tornar, o candidato presidencial Democrata nomeado, mais cedo ou mais tarde, o povo, os média e até os representantes no Capitólio levantarão a questão de saber se os negócios do antigo Vice-presidente na Ucrânia foram discutíveis ou não, se começaram directamente ou por procuração, enquanto ele ainda estava no governo. Além disso, foi o envolvimento tão profundo que, se ele subisse à Casa Branca, o governo Ucraniano estaria em posição de exigir uma compensação (quid pro quo) de vez em quando?
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