A Rússia não faz guerra ao povo ucraniano, mas a um pequeno grupo de pessoas no seio do Poder norte-americano que transformou a Ucrânia à sua revelia, os Straussianos. Ele formou-se há meio século e já cometeu uma quantidade incrível de crimes na América latina e no Médio-Oriente à revelia dos Norte-Americanos. Eis a sua história.
Este artigo dá seguimento a :
– 1. « A Rússia quer obrigar os EUA a respeitar a Carta das Nações Unidas », 5 de Janeiro de 2022.
– 2. « Washington prossegue o plano da RAND no Cazaquistão, a seguir na Transnístria », 11 de Janeiro de 2022.
– 3. « Washington recusa ouvir a Rússia e a China », 18 de Janeiro de 2022.
– 4. « Washington e Londres, atingidos de surdez », 1 de Fevereiro de 2022.
– 5. « Washington e Londres tentam preservar a sua dominação sobre a Europa », 8 de Fevereiro de 2022.
– 6. “Duas interpretações do processo ucraniano”, 16 de Fevereiro de 2022.
– 7. «Washington canta vitória, enquanto seus aliados se retiram », 22 de Fevereiro de 2022
Em 24 de Fevereiro ao amanhecer, as forças russas entraram maciçamente na Ucrânia. Segundo o Presidente Vladimir Putin, que se pronunciava então na televisão, esta operação especial era o início da resposta do seu país « àqueles que aspiram à dominação do mundo » e que fazem avançar as infraestruturas da OTAN até às portas do seu país. Durante esta longa intervenção, resumiu a maneira como a OTAN destruiu a Jugoslávia sem autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas, indo ao ponto de bombardear Belgrado, em 1999. Depois descreveu as destruições dos Estados Unidos no Médio-Oriente, no Iraque, na Líbia e na Síria. Só após esta longa exposição é que ele anunciou ter enviado as suas tropas à Ucrânia com a dupla missão de destruir as forças armadas ligadas à OTAN e de acabar com os grupos neo-nazis armados pela OTAN.
De imediato, todos os Estados membros da Aliança Atlântica denunciam uma ocupação da Ucrânia comparável à da Checoslováquia durante a « Primavera de Praga » (1968). Segundo eles, a Rússia de Vladimir Putin terá adoptado a « doutrina Brejnev » da União Soviética. É por isso que o mundo livre deve punir o « Império do Mal » ressuscitado impondo-lhe « custos devastadores ».
A interpretação da Aliança Atlântica visa antes de mais privar a Rússia do seu argumento principal : é certo que a OTAN não é uma confederação de iguais, mas uma federação hierarquizada sob o comando anglo-saxónico, mas a Rússia age da mesma forma. Ela recusa à Ucrânia a possibilidade de escolher o seu destino como os Soviéticos recusaram aos Checoslovacos. Claro, a OTAN, pelo seu funcionamento, viola os princípios de soberania e de igualdade dos Estados estipulados pela Carta das Nações Unidas, mas ela não deve ser dissolvida, salvo se a Rússia desaparecer também.
Parece lógico, mas sem grande probabilidade.
O discurso do Presidente Putin não era dirigido contra a Ucrânia, nem sequer contra os Estados Unidos, mas explicitamente contra « aqueles que aspiram à dominação do mundo », quer dizer contra os « Straussianos » no seio do Poder norte-americano. Foi uma verdadeira declaração de guerra contra eles.
Em 25 de Fevereiro, o Presidente Vladimir Putin qualificava o Poder de Kiev de « clique de drogados e de neonazis ». Para os média (mídia-br) atlantistas, estas declarações eram as de um doente mental.
Na noite de 25 para 26 de Fevereiro, o Presidente Volodymyr Zelensky dirigia à Rússia, via embaixada da China em Kiev, uma proposta de cessar-fogo. O Kremlin respondeu-lhe imediatamente colocando as suas condições :
– detenção de todos os nazis (Dmitro Yarosh e o Batalhão Azov, etc.),
– retirada de todos os nomes de rua e destruição dos monumentos glorificando os colaboracionistas dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial (Stepan Bandera, etc.),
– deposição das armas.
A imprensa atlantista ignorou este acontecimento, enquanto o resto do mundo, que o ficou a conhecer, reteve a respiração. A negociação falhou algumas horas mais tarde após a intervenção de Washington. Só nesta ocasião é que as opiniões públicas ocidentais foram informadas a propósito, mas as condições russas irão continuar a ser-lhes escondidas.
De que fala o Presidente Putin ? Contra quem se bate ele ? E quais são as razões que tornaram cega e muda a imprensa atlantista ?
Breve história dos Straussianos
Detenhamo-nos por um instante neste grupo, os Straussianos, a propósito do qual os Ocidentais sabem pouco. Trata-se de indivíduos, todos judeus, mas de forma nenhuma representativos, nem dos judeus americanos, nem das comunidades judaicas a nível mundial. Eles foram formados pelo filósofo alemão Leo Strauss, o qual se refugiara nos Estados Unidos durante a ascensão do nazismo e se tornou professor de filosofia na Universidade de Chicago. De acordo com muitos testemunhos, reunira um pequeno grupo de alunos fiéis aos quais dispensava ensino oral. Assim. não há escritos sobre este assunto. Ele explicava-lhes que o único meio dos judeus não serem vítimas de um novo genocídio era instaurando a sua própria ditadura. Designava-os pelo nome de Hoplitas (os soldados de Esparta) e enviava-os a provocar desordem nas aulas dos seus rivais. Por fim, ensinava-os a ser “discretos” e fazia o elogio do que chamava a « nobre mentira ». Embora ele tenha morrido em 1973, a sua fraternidade estudantil perpetuou-se.
Os Straussianos começaram a formar um grupo político há meio século, em 1972. Eram todos membros da equipe do Senador democrata Henry ’Scoop’ Jackson, sobretudo Elliott Abrams, Richard Perle e Paul Wolfowitz. Eles trabalhavam em estreita ligação com um grupo de jornalistas trotskistas igualmente judeus, que haviam conhecido no City College de Nova Iorque e editavam a revista Commentary. Eram conhecidos por os « Intelectuais nova-iorquinos » (New York Intellectuals). Estes dois grupos estavam muito ligados à CIA, mas também, graças ao sogro de Perle, Albert Wohlstetter —o estratega militar dos EUA—, à Rand Corporation (o “think-tank” do complexo militar-industrial). Muitos destes jovens casaram-se entre si até formar um grupo compacto de cerca de uma centena de pessoas.
Juntos redigiram e fizeram adoptar, em plena crise do Watergate (1974), a « Emenda Jackson-Vanik », que forçava a União Soviética a autorizar a emigração da sua população judaica para Israel sob pena de sanções económicas. Foi o seu acto fundador.
Em 1976, Paul Wolfowitz [1] foi um dos artesãos da « equipa B » (Team B) encarregada pelo Presidente Gerald Ford de avaliar a ameaça soviética [2]. Produziu um relatório delirante acusando a União Soviética de se preparar para assumir uma «hegemonia global». A Guerra Fria mudava de natureza : já não se tratava mais de isolar (containment) a URSS, era preciso pará-la para salvar o « mundo livre ».
Os Straussianos e os “Intelectuais” de Nova Iorque, todos de esquerda, colocam-se ao serviço do Presidente de direita Ronald Reagan. É preciso compreender bem que estes grupos não são verdadeiramente, nem de esquerda, nem de direita. Alguns membros mudaram, aliás. cinco vezes do Partido Democrata para o Partido Republicano e vice-versa. Aquilo que é importante para eles, é infiltrar-se no Poder, seja qual for a ideologia. Elliott Abrams tornou-se Secretário de Estado Adjunto. Ele dirigiu uma operação na Guatemala onde colocou um ditador no Poder e experimentou, com oficiais israelitas da Mossad, a forma de criar reservas para os Índios Maias a fim de, a prazo, fazer a mesma coisa em Israel com os Árabes palestinianos (a Resistência maia valeu a Rigoberta Menchú o seu prémio Nobel da Paz).
Depois Elliott Abrams continuou os seus abusos em El Salvador e por fim na Nicarágua contra os Sandinistas com o escândalo Irão-Contras. Por seu lado, os “Intelectuais” nova-iorquinos, agora denominados « Neoconservadores », criaram o Fundo Nacional para a Democracia (National Endowment for Democracy — NED) e o Instituto dos EUA para a Paz (U.S. Institute of Peace); um dispositivo que organizou muitas revoluções coloridas, a começar pela China com a tentativa de Golpe de Estado do Primeiro-Ministro Zhao Ziyang e a repressão que se seguiu na Praça Tienanmen.
No fim do mandato de George H. Bush (o pai), Paul Wolfowitz, então o numero 3 do secretariado da Defesa, elaborou um documento [3] à volta de uma ponto forte : após a decomposição da URSS, os Estados Unidos deviam prevenir a emergência de novos rivais, a começar pela União Europeia. Ele concluiu preconizando a possibilidade de tomar acções unilaterais, ou seja, de por fim a intervenção das Nações Unidas. Wolfowitz é, sem qualquer dúvida, o mentor da « Tempestade do Deserto », a operação de destruição do Iraque que permitiu aos Estados Unidos mudar as regras do jogo e impor um mundo unilateral. Foi nesta altura que os Straussianos lançaram os conceitos de « mudança de regime » e « promoção da democracia ».
Gary Schmitt, Abram Shulsky e Paul Wolfowitz infiltraram a comunidade de Inteligência dos EUA graças ao Grupo de Trabalho sobre a reforma da Inteligência (Consortium for the Study of Intelligence’s Working Group on Intelligence Reform). Eles criticaram o a priori segundo o qual os outros governos pensam do mesmo modo que os Estados Unidos [4]. Depois, criticaram a ausência de conduta política dos Serviços Secretos, afirmando que vagueava por assuntos sem importância em vez de se concentrarem nos que achavam essenciais. Politizar a Inteligência, fora o que Wolfowitz havia já feito com a equipa B e que ele recomeçou com êxito, em 2002, com o Gabinete dos Planos Especiais (Office of Special Plans) ; inventando argumentos para novas guerras contra o Iraque e contra o Irão (usando a « nobre mentira » de Leo Strauss).
Os Straussianos foram afastados do Poder durante o mandato de Bill Clinton. Introduziram-se então nos “think-tanks” de Washington. Em 1992, William Kristol e Robert Kagan (o marido de Victoria Nuland, amplamente citado nos artigos anteriores) publicaram um artigo na Foreign Affairs deplorando a tímida política estrangeira do Presidente Clinton e apelando a uma renovação da « hegemonia benevolente dos Estados Unidos » (benevolent global hegemony) [5]. No ano seguinte, fundaram o Projecto para um Novo Século Americano ( Projet for a New American Century — PNAC) nas instalações do Instituto Americano das Empresas (American Enterprise Institute). Gary Schmitt, Abram Shulsky e Paul Wolfowitz apareceram como membros dele. Todos os admiradores não-judeus de Leo Strauss, entre os quais o protestante Francis Fukuyama (o autor de O Fim da História), juntaram-se imediatamente a eles.
Em 1994, Richard Perle (aliás « o príncipe das trevas ») agora traficante de armas, torna-se Conselheiro do Presidente e antigo nazi, Alija Izetbegović, na Bósnia- Herzegovina. Foi ele quem fez vir do Afeganistão Osama Bin Laden e a sua Legião Árabe (ancestral da Alcaida) para defender o país. Perle será mesmo membro da delegação bósnia durante a assinatura em Paris dos Acordos de Dayton.
Em 1996, membros do PNAC (entre os quais Richard Perle, Douglas Feith e David Wurmser) redigiram um estudo no seio do Institute for Advanced Strategic and Political Studies — IASPS), por conta do novo Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Este relatório [6] preconiza a eliminação de Yasser Arafat, a anexação dos territórios palestinianos, uma guerra contra o Iraque e a transferência dos Palestinianos para lá. Ele inspira-se não apenas nas teorias políticas de Leo Strauss, mas também nas do seu amigo, Ze’ev Jabotinsky, o fundador do « sionismo revisionnista », de quem o pai de Netanyahu era o secretário particular.
O PNAC recolheu fundos para a candidatura de George W. Bush (Jr.) e publicou, antes da sua eleição, o seu famoso relatório « Reconstruir as Defesas da América » (Rebuilding America’s Defenses). Nele apela, com todas as forças, para uma catástrofe comparável à de Pearl Harbor que permita lançar o povo norte-americano para uma guerra pela hegemonia global. Foram estas exactamente as palavras que o Secretário da Defesa Donald Rumsfeld, membro do PNAC, utilizou no dia 11 de Setembro de 2001.
Graças aos atentados do 11-de- Setembro, Richard Perle e Paul Wolfowitz instalaram o Almirante Arthur Cebrowski à sombra de Donald Rumsfeld. Ele teve um papel comparável ao que Albert Wohlstetter teve durante a Guerra Fria. Impôs a estratégia da « guerra sem fim »: as Forças Armadas norte-americanas não deveriam ganhar guerras, mas iniciar uma quantidade delas e fazê-las durar o maior tempo possível. Tratava-se de destruir todas as estruturas políticas dos Estados visados a fim de arruinar essas populações e de as privar de qualquer meio de defesa face aos EUA [7] ; uma estratégia posta em prática durante vinte anos no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria, no Iémene…
A aliança dos Straussianos e dos sionistas revisionistas foi selada durante uma grande conferência em Jerusalém, em 2003, a que infelizmente personalidades políticas israelitas de todos os quadrantes acreditaram dever assistir [8]. Não é pois de espantar que Victoria Nuland (a esposa de Robert Kagan, então embaixatriz na OTAN) tenha intervido para proclamar um cessar-fogo, em 2006, no Líbano, que permitiu ao Exército israelita batido retirar-se, sem ser perseguido pelo Hezbolla.
Alguns indivíduos, como Bernard Lewis, trabalharam com os três grupos, os Straussianos, os Neoconservadores e os Sionistas revisionistas. Antigo agente da Secreta britânica, ele adquiriu as nacionalidades americana e israelita, foi conselheiro de Benjamin Netanyahu e membro do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Lewis, que no meio da sua carreira garantia que o islão é incompatível com o terrorismo e que os terroristas árabes eram na realidade agentes soviéticos, mudou de ideias em seguida e afirmava com o mesmo à vontade que esta religião prega o terrorismo. Ele inventou para o Conselho de Segurança Nacional dos EUA a estratégia do « choque de civilizações ». Tratava-se de instrumentalizar as diferenças culturais para mobilizar os muçulmanos contra os ortodoxos; um conceito que foi popularizado pelo seu assistente no Conselho, Samuel Huntington, só que esse não o apresentava como uma estratégia, mas como uma fatalidade contra a qual era preciso agir. Huntington iniciara a sua carreira como conselheiro dos Serviço Secretos sul-africano do apartheid, depois escrevera um livro, The Soldier and the State [9], garantindo que os militares (regulares e mercenários) formam uma casta à parte, única capaz de compreender as necessidades da segurança nacional.
Após a destruição do Iraque, os Straussianos são objecto de todo o tipo de polémicas [10]. Toda a gente ficou espantada como um grupo tão pequeno, apoiado por jornalistas neoconservadores, tinha podido adquirir tamanha autoridade sem ter sido objeto de escrutínio público. O Congresso dos Estados Unidos designou um Grupo de Estudo sobre o Iraque (chamada « Comissão Baker-Hamilton ») para avaliar a sua política. Ela condena, sem a nomear, a estratégia Rumsfeld / Cebrowski e deplora as centenas de milhar de mortos que causou. Mas, entretanto, Rumsfeld demite-se e o Pentágono prossegue inexoravelmente esta estratégia que oficialmente nunca adoptara.
Na Administração Obama, os Straussianos acabaram no gabinete do Vice-Presidente Joe Biden. O seu Conselheiro de Segurança Nacional, Jacob “Jake” Sullivan (conhecido como “Jake the snake”- ndT), jogou um papel central na organização das operações contra a Líbia, a Síria e o Mianmar, enquanto um dos seus outros conselheiros, Antony Blinken, se concentrou no Afeganistão, Paquistão e Irão. Foi ele que dirigiu as negociações com o Guia supremo, Ali Khamenei, que levaram à detenção e prisão dos principais membros da equipa do Presidente Mahmoud Ahmadinejad em troca do acordo sobre o nuclear iraniano.
A mudança de regime em Kiev, em 2014, foi organizada pelos Straussianos. O Vice-Presidente Biden envolve-se nela resolutamente. Victoria Nuland vem apoiar os elementos neo-nazis do Sector Direito (Praviy Sektor-ndT) supervisionar o comando israelita « Delta » [11] na Praça Maidan. Uma escuta telefónica revela o seu desejo de « enrabar a União Europeia » (sic) na tradição do relatório Wolfowitz de 1992. Mas os dirigentes da União Europeia não compreendem e apenas protestam timidamente [12].
“Jake” Sullivan e Antony Blinken colocam o filho do Vice-Presidente Biden, Hunter, no conselho de administração de uma das maiores firmas de gás, a Burisma Holdings, apesar da oposição do Secretário de Estado, John Kerry. Hunter Biden não passa infelizmente de um drogado, ele servirá de cortina a um gigantesco golpe às custas do povo ucraniano. Ele irá nomear, sob a supervisão de Amos Hochstein, vários dos seus compinchas de ganza para servirem de espantalhos à frente de várias empresas e pilhar o gás ucraniano. Foram estes tipos que o Presidente Vladimir Putin qualificou como « clique de drogados ».
Sullivan e Blinken apoiam-se no padrinho mafioso Ihor Kolomoisky, a terceira fortuna do país. Embora judeu, ele financia o braço armado do Sector Direito, uma organização neo-nazi que trabalha para a OTAN e se bate na Praça Maidan durante a « mudança de regime ». Kolomoisky aproveita-se dos seus conhecidos para tomar o Poder no seio da comunidade judaica europeia, mas os seus correligionários reagem e expulsam-no das associações internacionais. No entanto, ele consegue que o cabecilha do Sector Direito, Dmytro Yarosh, seja nomeado Secretário-adjunto do Conselho Nacional de Segurança e de Defesa da Ucrânia e fazer-se nomear, ele mesmo, Governador do oblast de Dnipropetrovsk. Os dois homens serão rapidamente afastados de qualquer função política. Foi este grupo que o Presidente Vladimir Putin qualificou de « clique neo-nazi ».
Em 2017, Antony Blinken funda a WestExec Advisors, uma firma de consultadoria que reúne antigos funcionários da Administração Obama e muitos Straussianos. Esta empresa é extremamente discreta quanto às suas actividades. Usa as conexões políticas dos seus funcionários para ganhar dinheiro; o que em qualquer lado do mundo seria chamado de corrupção.
Os Straussianos sempre iguais a si mesmos
Desde o regresso de Joe Biden à Casa Branca, desta vez como Presidente dos Estados Unidos, os Straussianos controlam todo o sistema. “Jake” Sullivan é o Conselheiro de Segurança Nacional, enquanto Antony Blinken é o Secretário de Estado com Victoria Nuland ao seu lado. Tal como relatei em artigos precedentes, ela viajou para Moscovo, em Outubro de 2021, e ameaçou esmagar a economia da Rússia se esta não se vergasse. Foi o início da crise actual.
A Sub-secretária de Estado, Nuland, faz reaparecer Dmitro Yarosh e impõe-no ao Presidente Zelinsky, um actor de televisão protegido por Ihor Kolomoisky. Em 2 de Novembro de 2021, ele nomeia-o Conselheiro especial do Chefe das Forças Armadas, o General Valerii Zaluzhnyi. Este, um autêntico democrata, reclama primeiro e finalmente acaba aceitando. Interrogado pela imprensa sobre este espantoso dueto, recusa responder e evoca matéria de Segurança Nacional. Yarosh dá o seu total apoio ao « führer branco », o Coronel Andrey Biletsky, e ao seu Batalhão Azov. Esta cópia da divisão SS Das Reich é enquadrada desde o Verão de 2021 por mercenários norte-americanos da antiga Blackwater [13].
Tendo esta longa dissertação permitido identificar os Straussianos, é forçoso admitir que a ambição da Rússia é compreensível, até desejável. Livrar o mundo dos Straussianos seria prestar justiça ao milhão de mortos e mais que eles provocaram e salvar aqueles que eles se aprestam para matar. Resta saber se esta intervenção na Ucrânia é o melhor caminho para isso.
Seja como for, se a responsabilidade pelos acontecimentos actuais incumbe aos Straussianos, todos aqueles que os deixaram agir sem mexer uma palha têm também responsabilidades. A começar pela Alemanha e pela França que assinaram os Acordos de Minsk há sete anos e nada fizeram para que fossem aplicados, depois pelos cinquenta Estados que assinaram as declarações da OSCE proibindo a expansão da OTAN para Leste da linha Oder-Neisse e nada fizeram. Apenas Israel, que acaba de se livrar dos sionistas revisionistas, acaba por expressar uma posição subtil (sutil-br) sobre estes eventos.
É uma das lições desta crise : os povos governados democraticamente são responsáveis pelas decisões tomadas há longo tempo pelos seus dirigentes e mantidas após alternâncias do Poder.
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[1] «Paul Wolfowitz, el alma del Pentágono», por Paul Labarique, Red Voltaire , 24 de febrero de 2005.
[2] Killing Detente: The Right Attacks the CIA, Anne H. Cahn, Pennsylvania State University Press (1998).
[3] Este documento foi revelado em « US Strategy Plan Calls For Insuring No Rivals Develop », Patrick E. Tyler, New York Times, March 8, 1992. Ver também os extractos publicados na página 14 : « Excerpts from Pentagon’s Plan : "Prevent the Re-Emergence of a New Rival" ». Des informations supplémentaires sont apportées dans « Keeping the US First, Pentagon Would preclude a Rival Superpower » Barton Gellman, The Washington Post, March 11, 1992.
[4] Silent Warfare: Understanding the World of Intelligence, Abram N. Shulsky & Gary J. Schmitt, Potomac Books (1999).
[5] « Toward a neo-Reaganite Foreign Policy », Robert Kagan & William Kristol, Foreign Affairs, july-august 1996, vol. 75 (4), p. 18-32.
[6] «A Clean Break : A New Strategy for Securing the Realm», Institute for Advanced Strategic and Political Studies (1996).
[7] “A doutrina Rumsfeld/Cebrowski”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 25 de Maio de 2021.
[8] «Sommet historique pour sceller l’Alliance des guerriers de Dieu », Réseau Voltaire, 17 octobre 2003.
[9] The Soldier and the State: The Theory and Politics of Civil-Military Relations, Samuel Huntington, Samuel Huntington, Belknap Press (1981).
[10] Esta polémica continua hoje em dia. Para escrever este artigo consultei sobretudo estes oito livros : The Political Ideas of Leo Strauss, Shadia B. Drury, Palgrave Macmillan (1988). Leo Strauss and the Politics of American Empire, Anne Norton, Yale University Press (2005). The Truth About Leo Strauss: Political Philosophy and American Democracy, Catherine H. Zuckert & Michael P. Zuckert, University of Chicago Press (2008). Straussophobia: Defending Leo Strauss and Straussians Against Shadia Drury and Other Accusers, Peter Minowitz, Lexington Books (2009). Leo Strauss and the Conservative Movement in America, Paul E. Gottfried, Cambridge University Press (2011). Crisis of the Strauss Divided: Essays on Leo Strauss and Straussianism, East and West, Harry V. Jaffa, Rowman & Littlefield (2012). Leo Strauss, The Straussians, and the Study of the American Regime, Kenneth L. Deutsch, Rowman & Littlefield (2013). Leo Strauss and the Invasion of Iraq: Encountering the Abyss, Aggie Hirst, Routledge (2013).
[11] «Qui sont ces anciens soldats israéliens parmi les combattants de rue dans la ville de Kiev ?», AlyaExpress-News.com, 2 mars 2014. “O novo Gladio na Ucrânia”, Manlio Dinucci, Tradução Marisa Choguill, Il Manifesto (Itália) , Rede Voltaire, 23 de Março de 2014.
[12] «Conversación entre la secretaria de Estado adjunta y el embajador de Estados Unidos en Ucrania», por Andrey Fomin, Oriental Review (Rusia) , Red Voltaire , 8 de febrero de 2014.
[13] « Exclusive : Documents Reveal Erik Prince’s $10 Billion Plan to Make Weapons and Create a Private Army in Ukraine », Simon Shuster, Time, July 7, 2021.
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