Após meses sem apresentar um projeto alternativo real à população venezuelana que não um golpe de Estado, a oposição anunciou um plano para um suposto governo de transição, após o referendo revogatório de 15 de agosto: uma agenda nacional financiada e elaborada pelos Estados Unidos
A denúncia foi feita pela advogada estadunidense Eva Golinger, que afirma que os 316 milhões de dólares que financiaram o Plano Consenso País, anunciado pela oposição no dia 9, saíram dos cofres do Fundo para a Democracia (NED- National Endowment for Democracy), um dos financiadores das organizações que participaram do golpe de Estado de 11 de abril e a greve petroleira de 2003.
"A real alternativa oferecida pela oposição aos venezuelanos descontentes com o atual governo é nada mais nada menos do que uma criação do governo dos Estados Unidos", afirma Eva.
De acordo com um documento do NED, a instituição designou o financiamento ao Centro Internacional de Pesquisa Economica (Cipe), empresa com sede nos EUA, para que, em conjunto com o Centro de Difusão e Informação Economica (Cedice), organização venezuelana, desenvolverem um projeto para uma agenda nacional, da qual um dos colaboradores é Diego Bautista Urbaneja, chefe da campanha presidencial da ex Miss Universo Irene Sáez, e hoje coordenador do Plano Consenso País.
Baseado na "reconciliação" e na "reconstrução" do país para trazer a "paz", "reativar a economia" e "criar uma esfera política, social e educativa que inclua a todos os cidadãos, sem exceção", o Plano Consenso País é um pacto entre a oposição e deve ser a base de um governo pós-Chávez, na possibilidade de uma derrota do presidente no plebiscito de agosto.
No programa dominical “Alô Presidente” deste domingo, dia 11, Hugo Chávez criticou o programa da oposição, que denominou como "Consenso pa’Bush". "As provas de como o governo dos EUA financiou o consenso pa’Bush evidencia que seus realizadores são empregados com salário", criticou o presidente venezuelano ao mostrar os documentos do NED que comprovam o financiamento do projeto.
Diego Urbaneja, por sua vez rebateu as acusações. O líder opositor afirmou ao jornal Ultimas Notícias que o projeto do Cedice não é o mesmo apresentado pela oposição e que Chávez tenta "desqualificar" a alternativa opositora.
Além dos pontos idênticos aos apresentados no Consenso País, a proposta inicial do Cedice e do Cipe, diz que é preciso criar uma alternativa ao governo Chávez, baseada em "um contexto de disciplina fiscal e monetária e uma importante dose de economia de mercado".
As críticas apresentadas no programa não se limitam aos adjetivos de "populista" e "ditador" atribuídos ao presidente venezuelano e comparam seu governo ao governo nazista alemão. Para os grupos que assinam o documento, "as únicas coisas que separam país de um completo controle revolucionário é o fato de que o governo Chávez foi resultado de eleições livres, igual ao que foi o governo nazi no princípio ", diz o documento.
"O governo dos EUA tem escolhido a líderes e indivíduos que violaram a Constituição para criar uma agenda alternativa", critica Eva Golinger. Além da Coordenadora Democrática, fazem parte do grupo que elaborou o "Projeto Consenso para uma Agenda Nacional" os líderes da organização empresarial Fedecamaras, da Central dos Trabalhadores da Venezuela (CTV), integrantes do Cômite de Organização Polìtica Eleitoral Independente (Copei), Gente do Petróleo, entre outras organizações de oposição que também participaram do golpe de Estado.
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