Congresso Latinoamericano de Sociologia debaterá, em Porto Alegre, crise social e política do continente, reunindo nomes como Adolfo Sanchez Vasquez, Atílio Borón, Emir Sader, Ana Esther Ceseña, Marco Aurélio Garcia e Raul Zibechi. Crescimento dos movimentos sociais e necessidade de nova teoria crítica também compõem agenda de debates.
A capital gaúcha sediará, de 22 a 26 de agosto, o XXV ALAS - Congresso da Associação Latinoamericana de Sociologia, que terá como tema central “Desenvolvimento, Crise e Democracia na América Latina: participação, movimentos sociais e teoria sociológica”.
O texto convocatório do encontro, que será realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) observa que os congressos da ALAS realizados na última década (em São Paulo, Concepción, Guatemala e Arequipa) examinaram as distintas faces do desenvolvimento dos modelos e processos de reestruturação das sociedades latinoamericanas, iniciados nas décadas precedentes, com a chamada era de globalização e auge do capitalismo neoliberal.
“Assistimos, como conseqüência desse processo, a precarização do trabalho, a pobreza generalizada e a exclusão social, a deterioração do meio ambiente e o estancamento dos processos democratizadores nos países latinoamericanos”, afirma ainda o documento.
Os sociólogos pretendem debater como esse processo, agravado por um severo enfraquecimento e deslegitimação das concepções e políticas neoliberais, em função dos fracassos resultantes de sua implementação nos país da região, gerou dramáticas situações de crise social, fragilizando ainda mais os débeis sistemas democráticos do continente.
Também querem avaliar como surgiram novos atores sociais no contexto dessas crises, como os movimentos de camponeses, trabalhadores sem terra, organizações não-governamentais e outras entidades organizadas da sociedade civil, que passaram a construir agendas alternativas de desenvolvimento econômico e social. “Os movimentos sociais cresceram e as formas de participação social nos países da América Latina se multiplicaram, constituindo-se em atores centrais nos debates e nos processos de defesa e de construção democrática”, enfatiza o documento convocatório do congresso.
Outro objetivo do encontro é refletir sobre novas possibilidades de desenvolvimento na América Latina. “Nosso papel crítico, nossas investigações e as exigências de construir uma teoria sociológica crítica do novo tempo da América Latina cobram uma vez mais toda sua força e vigência, de maneira que uma criativa imaginação sociológica venha a plasmar-se no próximo congresso da ALAS”, afirma o texto dos organizadores.
Diante das novas perspectivas políticas, econômicas e sociais que se abrem neste começo do século XXI para os povos latinoamericanos, os sociólogos querem pensar mudanças das coordenadas políticas, sociais, econômicas e culturais no continente. “Mudanças com perspectivas de sustentabilidade, eqüidade e justiça social para o futuro dos povos latinoamericanos”.
Sete grandes conferências
Estão programadas sete grandes conferências, que ocorrerão no Salão de Atos da UFRGS:
– 22 de Agosto, 20h
Adolfo Sanchez Vasquez (México)
”A Violência política e a moral”
– 23 de Agosto, 12h
Miguel Murmis (Argentina)
”Marxismo e Investigação Agrária: reflexões a partir dos clássicos e de casos argentinos”
– 23 de agosto, 18h
Manuel Garreton (Chile)
“Crises e possibilidades da democracia na América Latina”
– 24 de Agosto, 12h
Atilio A. Boron (CLACSO)
“Ciências Sociais e Pensamento Crítico na América Latina _ e Caribe”
– 24 de Agosto, 18h
Susy Castor (Haiti)
“Haiti: dilemas e possibilidades da democracia no Caribe”
– 25 de agosto, 12h
Sérgio Adorno (Brasil)
”Desafios teóricos contemporâneos da Sociologia latinoamericana”
– 26 de agosto, 12h
Edelberto Torres-Rivas (Guatemala)
“Perspectivas sociológicas a partir da História da América Central”.
Mesas redondas
Além das conferências, serão realizadas 24 mesas redondas sobre os seguintes temas:
América Latina e China - a contribuição da sociologia para a construção de laços entre duas civilizações;
Perspectivas da sociologia latinoamericana;
Políticas trabalhistas com enfoque de gênero;
A crise contemporânea das cidades na América Latina;
Protestos, ações coletivas e movimentos sociais;
Transformações do mundo do trabalho na Europa e na América Latina;
Sociologia da atividade econômica privada e pública: estratégias, responsabilidade social e economia solidária;
Agenda social dos governos democráticos na América Latina;
O trabalho e a precarização na América Latina;
Os tempos difíceis da família e da juventude;
A Universidade e o futuro da América Latina;
Violência e Segurança Cidadã;
Democracia participativa e esfera pública local;
Transformações sócio-econômicas, diversidade cultural e novas territorialidades no sistema do Chaco-Pantanal;
Sociologia da multiculturalidade: movimentos de povos indígenas, afro-descendentes e culturas mestiças mundializadas;
Concertação social e governabilidade;
Brasil e América Hispânica frente à crise globalizada;
Globalização, dependência e os desafios da integração político-econômica da América Latina;
Pobreza e Políticas sociais na América Latina;
Produção e difusão de conhecimentos e políticas para o desenvolvimento das Ciências Sociais;
Políticas de defesa nacional, forças armadas e integração da América Latina;
Trabalho, produção de pobreza e desigualdade na América Latina e Caribe;
A sociologia latinoamericana, história e desafios;
A nova realidade e o desenvolvimento social na América Latina.
Além das conferências e mesas redondas também ocorrerão fóruns temáticos, que serão espaços de amplos debates e intercâmbios no interior do congresso. Maiores informações sobre a programação e inscrição para o evento podem ser acessadas na página oficial do congresso.
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