Ron Paul

Os moradores da Criméia votaram no fim de semana se eles iriam continuar a ser uma região autônoma da Ucrânia ou se iriam unir-se à Federação Russa. Juntaram-se, ao fazê-lo, a um número de países e regiões — incluindo, recentemente, Escócia, Catalunha e Veneza — que procuram separar-se do que eles vêem como governos indiferentes ou opressivos.

Estes três últimos estão ocorrendo meio desapercebidos, enquanto a votação esmagadora na Criméia para separar-se da Ucrânia tem enfurecido os funcionários dos EUA e da União Europeia e conduzido a OTAN mais perto de um conflito com a Rússia do que desde o auge da guerra fria.

Qual é o problema? Os opositores da votação na Crimeia gostam de apontar para a ilegalidade do referendo. Mas, a autodeterminação é uma peça central do direito internacional. O Artigo I da Carta das Nações Unidas assinala claramente que o propósito da ONU é "desenvolver relações amistosas entre as nações baseadas no respeito pelo princípio da igualdade de direitos e autodeterminação dos povos."

Por que os EUA se preocupam com qual bandeira será hasteada em um pequeno pedaço de terra a milhares de quilômetros de distância?

Os críticos apontam para a "ocupação" russa da Criméia como prova de que o voto justo não poderia ocorrer lá. Onde estavam essas pessoas quando uma eleição realizada em um Iraque ocupado por tropas dos EUA foi chamada um "triunfo da democracia"?

Talvez as autoridades dos EUA que apoiaram a derrubada inconstitucional do governo da Ucrânia devessem concentrar suas energias na nossa própria constituição, que não permite que o governo dos EUA derrube governos no exterior ou envie um bilhão de dólares para socorrer a Ucrânia e os seus credores internacionais.

Embora a administração Obama tenha aplicado algumas sanções mínimas em indivíduos selecionados da Rússia e da Criméia [1], nem os EUA nem a UE podem suportar significativas sanções contra a Rússia. O comércio global fornece demasiado benefício econômico para ambos os lados.

Com efeito, os mercados internacionais ficaram excitados com a notícia de que as sanções seriam mínimas. Eles entendem que o comércio e o engajamento econômico são as estradas mais seguras para a paz e a prosperidade. Vamos esperar que os governos sigam sua liderança.

Tradução
Marisa Choguill
Fonte
USA Today (États-Unis)">USA Today (États-Unis)

[1Blocking Property of Additional Persons Contributing to the Situation in Ukraine”, by Barack Obama, Voltaire Network, 17 March 2014.