Cidadãos de Odessa queimados vivos no hall sindicalista incendiado por ultra-nazistas ucranianos em 2 de maio de 2014.

Com a névoa da guerra descendo, é importante divulgar alguns pontos principais para que todos fiquem sabendo antes de se perderem nos detalhes. Uma junta nomeada pelo golpe em Kiev, concebida, projetada e controlada por Washington, começou um ataque maciço armado contra os seus cidadãos no este. Este crime de guerra original e supremo, reforçado pelo Tribunal de Nuremberg, não está em dúvida. Nem pode haver quaisquer dúvidas sobre quem está puxando as cordas. A junta ilegítima puxou todas, conforme seus mestres do FMI exigiram que eles o fizessem no outro dia. Incisivamente – e claramente – a máfia do capital ocidental emitiu uma declaração [1] dizendo que o esmagador acordo de austeridade– já uma sentença de morte em si–terá que ser ’revisto’ se a turma escolhida não puder controlar as regiões rebeldes orientais com ricos recursos, o grande prêmio em toda essa charada sobre ’democracia’. A junta, montando na garupa militar e usando tropas de choque fascistas, tem obedientemente cumprido – um momento vergonhoso e repugnante na história do mundo. Também é, no entanto, um momento que eu acho que vai ser transformador de uma maneira que ainda não podemos compreender.

Por um momento, eu tive medo de que, em uma fase totalmente militarizada, a resistência seria menos capaz de acessar seu principal ativo – o povo. Quando a guerra eclode, os soldados não são forçados a confrontar a humanidade de seus oponentes, e não mais vemos cenas como cordões de pessoas comuns tentando parar os tanques com as próprias mãos. [No entanto, tais atos de auto-sacrifício são ainda o caso no leste da Ucrânia – veja, por exemplo, este vídeo de Slavyansk datado de 2 de maio onde pessoas desarmadas tentaram parar veículos blindados do exército ucraniano – OR]

E um gigante dedo médio para a comunidade de "paz", os apologistas [defensores] da máquina de guerra, e especialmente os liberais e os elementos da esquerda do primeiro mundo que são sempre os últimos a ver que seu desprendimento intelectual purista está sempre – * sempre * – suspeitamente perto da agenda do império, os quais olham (e torcem!) enquanto os EUA e seus procuradores massacram inocentes e frustram a vontade do povo, do Afeganistão ao Zaporozhye.

A Liga das Nações (vamos falar claramente) está morta. Eles expuseram-se como uma ferramenta ansiosa e ousada da supremacia ocidental e apologista dos crimes do império. Eles serão descartados junto com os outros detritos do velho mundo. Injusta, desigual e contrária [UNjust, UNequal, and Unwilling] a quebrar o jugo do paradigma ocidental, acho que a ONU é muito pior do que inútil. [Enquanto carece de mecanismos eficazes para implementar medidas urgentes na Ucrânia, devido à postura irresponsável e politicamente motivada do Conselho de Segurança, dominado pelos EEUU e Washington, a ONU é ainda o único fórum internacional que fornece uma plataforma para a razoável voz russa ser ouvida internacionalmente. Não podemos simplesmente ignorar e descartar este quadro. – OU). Na verdade, acho que o que está ocorrendo é uma sentença de morte para as Nações Unidas, juntamente com o FMI/UE/OTAN e todas as outras organizações ocidentais que agem em conjunto para tentar forçar bilhões de pessoas a acreditar que 2 + 2 = 5. Eles são o problema, e eles não têm soluções. Como deveria ser –tal como Eduardo Galleano gentilmente nos lembrou, "seria estranho se o remédio viesse dos Estados Unidos, o mesmo lugar que nos trás a doença."

Em meio à campanha de terror fascista agora sendo desencadeada pela junta de Kiev por insistência do Oeste, é simplesmente espantoso que uma cega russofobia (intolerância) ainda permita que algumas pessoas encontrem tempo para caluniar Putin enquanto aqueles entre nós que compreendem a situação têm as mãos ocupadas na luta contra a besta. Se você se envolveu em todo aquele tolo e presunçoso sorriso zombeteiro sobre Sochi, você deve refletir sobre seu papel nisso. Fomentar o ódio contra e demonizar a Rússia tem sido um elemento-chave da estratégia de prestidigitação do império, amaciando as mentes colonizadas para um grande confronto com a Rússia e distraindo o foco dos verdadeiros objetivos e perigos do aventureirismo ocidental na Ucrânia. Este é um velho truque, pessoal. Há sangue em nossas mãos. Os bandidos nazistas que atearam fogo ao edifício em Odessa, e em seguida bloquearam as portas para certificar-se de que queimariam vivos aqueles do lado de dentro, estavam sendo pagos um salário diário, possivelmente tirado dos US $50 milhões prometidos por Joe Biden alguns dias antes de fortalecer as Forças de Segurança da Ucrânia.

Em meio às mentiras e às distorções de uma imprensa comprada e vendida e uma máquina de propaganda do governo, nós ainda podemos cortar através das tretas e ver os vigaristas por aquilo que são: vendedores de uma grande máquina de guerra empenhados em vender-nos mais morte e destruição. Nós podemos refutar esse lance. Todos nós temos a capacidade de captar um momento de Michael Corleone, naquela cena do Poderoso Chefão em Havana, em 1959, quando ele sabia instintivamente que ele estava certo e que Hyman Roth estava errado. Ele não era nenhum fã da revolução; mas, ele viu que era um mau investimento quando os revolucionários de Fidel Castro preferiram se suicidar a serem capturados.

A crise atual apresenta muitas tais oportunidades de compreensão da realidade, tais como aquelas histórias e imagens de pessoas parando tanques com seus próprios corpos. Um momento de particular clareza para mim foi uma entrevista absolutamente deslumbrante, por Graham Phillips, de um homem na rua, em Kramatorsk, que condensou, em dois minutos, o que tudo isso significa para o povo da Ucrânia Oriental. Eloqüente, apaixonado... e claro, ainda cria um caroço na minha garganta.

"Além disso, os Banderistas, que agora vieram aqui e querem impor a sua ideologia, nos deram um presente precioso porque eles despertaram em nós, na Ucrânia Oriental, nosso patriotismo, que havia estado dormente durante muitos anos.
"Isso aconteceu porque as pessoas tinham mais ou menos esquecido o que elas costumavam ser, o que se haviam tornado. O colapso da União Soviética em 1991 levou a um tipo de depressão. As pessoas viram este evento, o colapso da União Soviética, como um tipo de desastre natural. A União Soviética desmoronou, e a chuva caiu. As pessoas não entenderam o que havia acontecido – elas estavam desmoralizadas, costumavam acreditar em seus líderes.
"Agora, as pessoas entendem que não é necessário acreditar nos líderes. Não precisamos acreditar em nenhum Yanukovich, não precisamos acreditar em um Partido das Regiões. Precisamos nos organizar *por* nós mesmos – e para recordar a nossa própria história, lembrar a nossa própria cultura. Essa é a nossa fundação.
"Então, obrigado a todos os Banderistas que vieram a Kiev e que fizeram as pessoas lembrar quem são, quem são elas no mundo e. acima de tudo, *porque* elas estão aqui na terra."

Filtre isso entre as ridículas e cada vez mais óbvias calúnias sobre os "separatistas pro-russos," os "pro-russos russos" e outros termos doentes e deliberadamente difamantess para sincronizar com a russofobia acirrada agora poluindo praticamente todas as ondas de transmissão ocidentais. Pode-se considerar o termo mais honesto, embora bizarro do mesmo modo, "pro-si próprio", ou "pro-humanos". Ou simplesmente "pessoas que se opõem a serem mortas."

Assim que os helicópteros e mísseis começam a voar, você pode sentir o desespero de um povo sob ataque, como nesta mais aguçada carta de despedida da Ucrânia Oriental () [2], daqueles cujos avós lutaram e morreram para derrotar o fascismo:

"Cada gentalha Banderita, cada rato da guarda nacional e outras gangs deve saber disto: você veio à nossa terra com armas! Você veio para nos matar na nossa terra! Não espere piedade de nós! Você vai encontrar apenas a morte cruel! Porque você não provou ainda a raiva eslavo-russa! Mas ela vai oprimi-lo em uma chama severa, violenta! Você acha que estamos com medo? Nós, os russos a leste-sudeste com medo? Você está muito, muito profundamente enganado. E não muitos de vocês serão capazes de entender, quando poucos de vocês começarem a retornar do sudeste.
"Então, peça a seus pais, esposas, irmãs do coração para preparar os caixões para seus maridos, filhos e irmãos. Ou pelo menos um lugar no cemitério, pois a maioria dos corpos poderão ser difíceis de encontrar.
"Não temos para onde nos retirar e somos russos, embora por um tempo ainda com passaportes ucranianos. Nós somos russos, que nunca desistem! Nos defenderemos até a última bala, a última granada, até nosso último suspiro! E se morremos, morremos para a glória da terra russa! Nós nunca estaremos sob a escória fascista Banderita!
Irmãos, eslavos, russos, se nós morrermos, vinguem-nos. Morte ao fascismo!"
Data: 1 de maio de 2014

Ainda mais surpreendente, além da geografia e laços culturais, um experimento na Ucrânia Ocidental é bastante revelador. A TV ucraniana na cidade ocidental central de Zhytomir enviou ativistas de Maidan, posando como rebeldes armados do sudeste, para o centro de cidade, pedindo indicações. Eles aparentemente ficaram bastante surpresos quando os moradores locais de bom grado os ajudaram – mesmo dando detalhes sobre como evitar postos de polícia. Em seguida, ficaram por um tempo – armados – na delegacia local, e ninguém lhes prestou atenção. Em outras palavras, a máscara foi tirada, e a junta está acabada.

Violência maciça, supressiva é a única maneira para a junta fantoche ocidental manter-se no poder. Eles vão matar um bom número de pessoas; mas, a morte vai ser vingada, e o mundo será transformado. É um momento incrível.

Eu muitas vezes remexo em meu repertório de canções republicanas irlandêsas, uma fonte de sentimento que define momentos como esses, encapsulando a determinação muitas vezes vulgar de um povo com as costas para a parede:

“Vão pra casa, soldados britânicos, vão para casa
Voces não têm suas porras casas próprias?
Há oitocentos anos lutamos contra vocês sem medo
E lutaremos contra você por outros oitocentos.”

Um novo mundo está surgindo bem diante dos nossos olhos e aqueles que ainda não o vêem serão remetidos para o caixote do lixo da história. Voce está pronto? Está ouvindo as pessoas a cantar? O heróico povo do sudeste da Ucrânia está tomando uma posição para todos nós, em nome dos povos do mundo e contra o mundo doente e lamentável que o Consenso de Washington quer nos vender. Um novo mundo está a desenvolver-se e a desdobrar-se agora, e não podemos prever seu curso muito bem. Nós, no entanto, temos o poder de escolher se queremos ficar do lado certo da história.

Tradução
Marisa Choguill
Fonte
Oriental Review (Rússia)