Mais de 83 por cento dos eleitores qualificados da Crimeia participou recentemente num referendo para reunificação com a Rússia. E desse número, mais de 93% votou para separar-se da Ucrânia e mais uma vez tornar-se uma parte da Rússia, no que foi uma vitória maciça unilateral.

O que deve ser mantido em mente é que a Criméia nunca teria exercido tal ação, e que a Rússia nunca teria sido receptiva para com tal curso, se não fosse a Ucrânia estar nas garras das forças disruptivas que estavam caminhando em direção à "mudança de regime".

"Mudança de regime" é uma forma de ação destinada a tornar impossível para o governo existente governar. Já vimos este caos organizado e intermináveis perturbações em vários outros países. Grupos bem organizados são financiados e equipados pelos interesses ocidentais. Ultra-nacionalistas e mercenários apoderam-se da multidão protestante e definem a direção e o ritmo da ação, seguros no conhecimento que têm o apoio global das potências ocidentais às suas costas. Os mais regressivos entre eles em Kiev lançaram ataques caluniosos contra judeus, negros, chineses, moscovitas e, claro, comunistas.

Na Ucrânia, grupos cripto-fascistas como Svoboda, o Setor Direito e outros tiveram amplos fundos para manter milhares de pessoas, alimentadas e confortáveis nas ruas de Kiev, por semanas, completas com sinalizadores de marchas bem-feitos, símbolos e sinais em vários idiomas. Enquanto isso, os meios de comunicação ocidentais relataram tudo do jeito que a Casa Branca queria. E os "manifestantes" perpetraram atos de perturbação, violência e terror.

Esta perturbação é algo que temos visto em muitos outros países---neste momento, da Venezuela à Tailândia. O objetivo desses ataques financiados pelo ocidente tem sido tornar o mundo seguro para os 1%, os super ricos globais. Os cidadãos da Ucrânia que pensam estar lutando por democracia eventualmente descobrirão que eles realmente estão servindo a plutocracia ocidental. Eles ficarão com um novo governo cheio de velhas intenções. Os ucranianos acabarão com nada para mostrar pelos seus esforços, exceto uma economia ainda mais depressiva e cada vez mais corrupta, uma enorme dívida do FMI, um agravamento dos serviços sociais e uma "democracia" vazia, liderada por oportunistas corruptos como Tymoshenko.

A Rússia interveio em nome da Crimeia russa. Então a Rússia agora é criticada pelos plutocratas globais ocidentais que buscam maneiras de colocar Moscou em retiro isolado. Putin é denunciado e demonizado em todas as oportunidades. Alguém na mídia dos EUA leu os discursos de Putin? Eles são muito mais claros e saudáveis do que as mentiras de Obama (como no discurso de Bruxelas sobre como os EUA tem salvo e democratizado o Iraque [1]). A intenção é cercar e reduzir a Rússia a um satélite assustado. Mas isso é muito mais fácil dizer do que fazer. Obama tem muitos poucos truques e cartas para jogar.

Tradução
Marisa Choguill

[1Barack Obama Speech at the Palais des Beaux-Arts of Bruxelles”, by Barack Obama, Voltaire Network, 26 March 2014.