SECRETÁRIO TILLERSON: Obrigado. Obrigado. Muito obrigado.
Bem, bom dia. Eu realmente, realmente agradeço esta oportunidade de vir até Stanford, enquanto estava viajando pela Costa Oeste, e especialmente para me dirigir a este grupo. Eu quero agradecer a Stanford e ao Instituto Hoover, e o grupo de estudantes internacionais por permitirem que eu dirija a palavra a vocês nesta manhã. O Instituto Hoover me é familiar; já me pronunciei em alguns de seus eventos no passado, na minha vida passada, e isso produziu, continuamente, grande sabedoria baseada em princípios que orientam o governo representativo, a iniciativa privada, ao mesmo tempo que protege o modo de vida americano, exatamente no centro das nossas atividades, e assuntos muito importantes com os quais dispendemos tempo.
Em relação a isso, vocês certamente têm uma verdadeira defensora entre si: minha amiga, Dr. Condoleezza Rice, que – eu não sei se ela tomou para si a responsabilidade de me colocar nesta situação ou não, mas, eu (risadas) – eu a considero parcialmente responsável de todo modo. E… Mas, eu agradeço os conselhos de Condi. Quando você chega, na mesa do secretário de Estado – eu estava buscando um manual de instruções – mas, lá não existe nenhum. Por isso, ela tem sido uma excelente fonte de ajuda e inspiração para mim.
Eu gostaria também de reconhecer o outro co-anfitrião, um dos mais dedicados e talentosos servidores públicos da nossa nação, com certeza no século XX: o ex-secretário George Shultz. George e eu nos conhecemos há muito tempo também, e eu sou também um grande admirador do seu trabalho.
Eu acabo de chegar de uma reunião ministerial em Vancouver, na qual várias nações discutiram como implementar de uma forma melhor a nossa campanha de pressão máxima contra a Coreia do Norte. Os Estados Unidos e nossos aliados estão e permanecerão unidos na continuação dessa campanha até que a Coreia do Norte tome medidas significativas na direção da desnuclearização. Todos nós concordamos – todos nós – que não aceitaremos uma Coreia do Norte com armas nucleares.
De Vancouver, eu fiz uma pequena escala aqui na Califórnia. Eu agradeço a ajuda da Dra. Rice em organizar isso para mim, com pouca antecedência. Algumas pessoas em Washington suspeitam que estou fugindo do mau tempo de hoje vindo para cá, mas, estou muito satisfeito de estar aqui.
O tema e assunto do meu pronunciamento de hoje é discutir com vocês sobre o caminho que os Estados Unidos seguirão em relação à Síria.
Iniciarei oferecendo a vocês um tipo de contexto histórico e político abrangente para o que são situações muito difíceis enfrentadas pelo povo sírio, e elas também causam preocupação para todos os poderes internacionais.
Depois, quero descrever porque é essencial que a nossa defesa nacional mantenha uma presença militar e diplomática na Síria, para ajudar a dar encerramento ao conflito, e para auxiliar o povo sírio conforme eles se orientam no sentido de alcançar um novo futuro político.
E, finalmente, gostaria de oferecer detalhes dos passos que essa administração está seguindo para alcançar uma Síria estável, unificada e independente, livre das ameaças terroristas e das armas de destruição em massa.
Depois, conforme indicado, Dra. Rice e eu teremos uma conversação breve.
Por quase 50 anos, o povo sírio sofreu sob a ditadura de Hafez al-Assad e de seu filho Bashar al-Assad. A natureza do regime Assad, como do seu patrocinador Irã, é maligna. O regime promoveu o terror estatal. Ele empoderou grupos que matam soldados americanos, como a al-Qaeda. Ele deu apoio ao Hezbollah e ao Hamas, e suprimiu de forma violenta a oposição política. A grande estratégia de Bashar al-Assad, ao ponto de ele ter uma estratégia que vai além de sua própria sobrevivência, inclui o acolhimento de alguns dos elementos terroristas mais radicais na região, e utilizar os mesmos para desestabilizar os países vizinhos. O regime de Assad é corrupto, e seus métodos de governança e desenvolvimento econômico excluíram paulatinamente certos grupos étnicos e religiosos. Em todo o mundo, seu histórico em relação aos direitos humanos é notório.
Tal opressão não pode continuar para sempre e, com o passar dos anos, uma raiva latente se formou dentro do país, e muitos sírios se levantaram e se opuseram ao governo de Assad. Poucos dias depois do início do que eram manifestações pacíficas, que ocorreram em toda a Síria em 2011, Assad e seu regime reagiram com tiros e sentenças de prisão contra seu próprio povo.
Desde aquele momento, a história da Síria se tornou uma história de catástrofe humanitária. Aproximadamente, meio milhão de sírios morreram. Mais de 5,4 milhões de sírios se tornaram refugiados, e 6,1 milhões estão deslocados dentro do país (IDPs) e, como resultado do conflito entre o regime e as forças de oposição, cidades inteiras foram destruídas. Levará anos para reconstruir a nação.
Os esforços anteriores dos EUA para acabar com o conflito foram ineficazes. Quando Assad utilizou armas químicas contra seu próprio povo em 2013, desafiando uma ameaça dos EUA definindo que, caso fosse ultrapassado, haveriam retaliações. A falta de ação dos EUA empoderou o regime, que passou a desconsiderar ainda mais as vidas dos civis. Em abril do ano passado, a administração Trump reagiu, à utilização de gás sarin por Assad contra civis, com ataques a míssil, que destruíram 20 por cento da força aérea de Assad. Fizemos isso para degradar a capacidade militar síria de conduzir outros ataques com armas químicas, para proteger civis inocente e para dissuadir o regime sírio da utilização ou proliferação de armas químicas. Os EUA consideram com seriedade as ameaças das armas químicas, e não podemos nos postar com apatia enquanto o uso das mesmas se torna comum. Continuaremos a buscar a responsabilização, e a justiça para as vítimas do ataque.
Em 2012, as forças militares do regime de Assad começaram a ter dificuldades no enfrentamento da oposição armada. Rapidamente, o regime foi reforçado pela assistência de forças de combate patrocinadas pelo Irã. Mas, apesar dessa assistência, em agosto de 2015 as forças rebeldes sírias fizeram progresso substancial contra o regime de Assad. Preocupado com sua própria sobrevivência, Assad apelou para a Rússia, sua aliada de longa data, pedindo socorro. A Rússia interveio para salvar o regime, principalmente com o fornecimento de poder aéreo, inteligência e armamento de apoio.
Em dezembro de 2016, uma cidade importante, Aleppo, foi dominada pelo regime, depois de uma campanha brutal que de fato destruiu a cidade, que antes da guerra contava com uma população de mais de dois milhões de pessoas. Isso é uma amostra da determinação impiedosa do regime para ganhar momentum no conflito. Isso também levou Assad a assumir, erradamente, que ele manteria o poder sem precisar abordar o regime sírio – as queixas legítimas do povo sírio.
Em si mesma e por si só, a guerra civil na Síria foi horrível, mas, a Síria caiu em um estado de confusão ainda maior, com o surgimento do Estado Islâmico do Iraque e da Síria, ou EIIE. Este foi um estado inspirado no terror dentro dos territórios do Iraque e da Síria. O conflito entre o regime e os diversos grupos de oposição que lutavam para tirar o domínio de poder das mãos de Assad, criou as condições [favoráveis] para uma rápida expansão de EIIE em 2013 e 2014. O EIIE surgiu originalmente das cinzas da al-Qaeda no Iraque, um grupo que Assad havia apoiado secretamente. Evidências mostram que Assad também facilitou o EIIS por meio da libertação de terroristas conhecidos, das prisões sírias, e ignorando o crescimento do EIIE. O EIIE se aproveitou da instabilidade e da falta de uma autoridade central na Síria para estabelecer o que, falsamente, denominou de “califado”, tendo como capital a cidade de Raqqa. De fato, o EIIE se expandiu até dominar um território de tamanho equivalente, aproximadamente, ao do Reino Unido, com uma força de combate significante. Repleto de dinheiro, derivado de bancos saqueados, e tendo o controle dos campos de petróleo da Síria e do Iraque, o EIIE tinha todos os elementos para se sustentar e conduzir ataques no território americano e nos territórios de nossos aliados. O estabelecimento de um estado terrorista radical atraiu milhares de jihadistas de mais de 100 países, e incentivou outros terroristas ao redor do mundo a cometerem ataques locais em todo o mundo.
Como consequência da ascensão do EIIE, milhões deixaram suas casas, vilas e cidades para escapar da limpeza étnica do regime brutal, resultando em um fluxo massivo de refugiados para os países vizinhos e tão distante como a Europa e a Escandinávia. Em meados de 2014, o EIIE possuía uma base estável de operações na Síria e um fluxo de proventos significante para financiar, planejar, inspirar e comandar os ataques contra alvos no Ocidente e contra os nossos aliados regionais. Ele utilizava a Síria para manufaturar armas químicas para utilizar contra nossos parceiros. Ao reconhecer o poder destrutivo da organização terrorista que se fortalecia, os EUA se concentraram na derrota militar do EIIE. Apesar da ameaça que o EIIE representava na Síria, Assad se concentrou no combate à oposição síria, ainda tendo o apoio militar do Irã e da Rússia.
A política de combate ao terrorismo da administração Trump é muito simples. Ela objetiva proteger os americanos internamente e externamente contra os ataques terroristas. O ponto central dessa política é negar, aos terroristas e organizações terroristas, a oportunidade de se organizarem, levantarem fundos, recrutarem combatentes, treinarem, planejarem e executarem ataques.
Quando o Presidente Trump assumiu o cargo, ele tomou medidas decisivas para acelerar as vitórias que estavam sendo conquistadas na Síria e no Iraque. Ele orientou o secretário da Defesa Mattis a apresentar, no lapso de 30 dias, um novo plano para derrotar o EIIE. O Presidente aprovou o plano rapidamente. Ele orientou um ritmo de operações que alcançaria resultados decisivos rapidamente, delegando grande autoridade para os comandantes americanos em campo, e ele propiciou aos nossos líderes militares mais liberdade para que determinassem e aplicassem as melhores táticas que levariam à derrota do EIIE. Hoje, quase todo o território no Iraque e na Síria uma vez controlado pelo EIIE, ou aproximadamente 98 por cento daquilo que tinha o tamanho aproximado do Reino Unido, foi liberado, e o EIIE não foi capaz de retomar nem um pé desse território. O “califado” físico do EIIE em Raqqa foi destruído. A capital libertada do califado já não serve como ponto de atração para aqueles que esperam construir um império terrorista. Aproximadamente 3,2 milhões de sírios e 4,5 milhões de iraquianos foram libertados da tirania do EIIE. Mais de 3 milhões de pessoas deslocadas dentro do Iraque, agora, voltaram para casa e, Mosul, a segunda cidade capital do califado no Iraque, e uma das maiores cidades do Iraque, está completamente liberada do EIIE. No Iraque, pela primeira vez desde o começo da crise em dezembro de 2013, existem mais iraquianos voltando para casa do que os que ainda se encontram deslocados.
Conforme examinamos a Síria, hoje, vemos a imagem completa, uma situação caracterizada principalmente por três fatores:
O EIIE foi derrotado em grande parte, mas não completamente.
O regime de Assad controla cerca de metade do território e da população da Síria.
E ameaças estratégicas continuadas contra os EUA, não apenas do EIIE e al-Qaeda, mas vindas de outras fontes, persistem. Estou me referindo principalmente ao Irã.
Como parte dessa estratégia para criar um arco na região norte, indo desde o Irã até o Líbano e o Mediterrâneo, o Irá fortaleceu drasticamente a sua presença na Síria, deslocando tropas da Guarda Revolucionária Iraniana; apoiando o Hezbollah libanês; e importando as forças substitutas do Iraque, Afeganistão, Paquistão e outros locais. Por meio da sua posição na Síria, o Irã se posta para continuar a atacar os interesses dos EUA, seus aliados e pessoal presente na região. Ele está gastando bilhões de dólares por ano para posicionar Assad e deflagrar uma guerra por representação, ao invés de dar apoio ao seu próprio povo.
Além disso, a situação difícil e não resolvida de milhões de refugiados e deslocados sírios continua sendo uma crise humanitária. O estado catastrófico está diretamente ligado à contínua falta de segurança e legitimidade de governo na própria Síria. Assad atacou seu próprio povo com gás, ele bombardeou vilas e bairros urbanos inteiros, e repetidamente minou qualquer chance de uma resolução pacífica das diferenças políticas. Esses abusos continuam até hoje, como visto por intermédio das baixas civis no leste de Ghouta e governança de Idlib [1]. Não há como facilitar o retorno seguro e voluntário em larga escala dos refugiados, sem uma solução política.
Resumindo, a Síria permanece sendo uma fonte de graves ameaças estratégicas, e um grande desafio para a nossa diplomacia.
Mas, os Estados Unidos continuarão engajados como forma de proteger nossos próprios interesses de segurança nacional.
Os Estados Unidos desejam cinco estados finais, essenciais, para a Síria:
Primeiro, que o EIIE e a al-Qaeda sofram uma derrota duradoura, não representem uma ameaça para a pátria, e que não ressurjam em nova forma. Que a Síria nunca mais sirva como uma plataforma ou refúgio para os terroristas se organizarem, recrutarem, financiarem, treinarem e executarem ataques contra cidadãos americanos em solo americano ou no estrangeiro, ou contra nossos aliados.
Segundo, que o conflito subjacente entre o povo sírio e o regime de Assad seja resolvido por meio de um processo político liderado pela ONU, conforme disposição na Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU, e uma Síria estável, unificada e independente, sob uma liderança pós-Assad, funcionando como um Estado.
Terceiro, que a influência do Irã na Síria diminua, que seja negado o sonho de um arco ao norte, e que os vizinhos da Síria estejam protegidos de todas as ameaças que emanam da Síria.
Quarto, que sejam criadas condições para que os refugiados e deslocados possam começar a retornar para a Síria, em segurança e voluntariamente.
Quinto e finalmente, que a Síria esteja livre de armas de destruição em massa.
A administração Trump está implementando uma nova estratégia para alcançar esses resultados. Esse processo, de forma ampla, implica um aumento da atividade diplomática na sequência dos nossos sucessos militares. Nossos esforços diplomáticos estarão caracterizados por iniciativas de estabilização e uma nova ênfase na solução política do conflito na Síria.
Mas, queremos ser claros: os Estados Unidos manterão a presença militar na Síria focada em garantir que o EIIE não reemerja. Nossa missão militar na Síria continuará a se basear em condições. Não podemos cometer os mesmos erros que cometemos em 2011, quando a saída prematura do Iraque permitiu que a al-Qaeda no Iraque sobrevivesse e por fim se transformasse no EIIE. Foi aquele vácuo que permitiu que o EIIE, e outras organizações terroristas, causassem tantos danos ao país. Isso concedeu ao EIIE um refúgio seguro para planejar ataques contra os americanos e nossos aliados. Não podemos permitir a repetição dessa história na Síria. Atualmente, o EIIE está com um pé na cova e, ao mantermos a presença militar na Síria, até que a derrota completa e inteira do EIIE seja alcançada, logo serão dois.
Compreendemos que alguns americanos têm dúvidas sobre a continuação do envolvimento na Síria e questionam os benefícios de manter a presença em um país tão conturbado.
No entanto, é vital que os Estados Unidos permaneçam engajados na Síria por várias razões: espaços não governados, especialmente as zonas de conflito, são locais de procriação para o EIIE e outras organizações terroristas. A luta contra o EIIE não acabou. Existem bandos de combatentes do EIIE que já estão dando início a uma insurreição. Nós e os nossos aliados os perseguiremos e os mataremos, ou os capturaremos.
Da mesma forma, devemos persistir na Síria para impedir a al-Qaeda, que ainda tem uma presença substancial e uma base de operações no noroeste da Síria. Como nos anos que antecederam o “11 de setembro”, a al-Qaeda está ansiosa por criar um santuário de onde planejará e lançará ataques no Ocidente. Embora o EIIE tenha sido o grupo terrorista a dominar as manchetes de jornais nos últimos anos, a al-Qaeda ainda é uma grave ameaça e está planejando se reconstituir de forma nova e mais poderosa.
Além disso, uma retirada completa do contingente americano nesse momento, reinstauraria o regime Assad que continuaria com o tratamento brutal contra seu próprio povo. Um assassino de seu próprio povo não pode gerar a confiança necessária para a estabilidade duradoura. Uma Síria estável, unificada e independente, em última análise, exige uma liderança pós-Assad para ter sucesso. A continuação da presença dos EUA para garantir a derrota duradoura do EIIE também ajudará a estabelecer a base para que as autoridades civis legítimas locais possam exercer um governo responsável das suas áreas liberadas. A abdicação de Assad por meio de um processo liderado pela ONU em Genebra criará as condições para a paz duradoura dentro da Síria, e segurança ao longo das fronteiras para os vizinhos da Síria.
O desengajamento dos EUA na Síria concederia ao Irá a oportunidade para fortalecer ainda mais sua posição na Síria. Como observamos nas guerras por representação do Irã, e nos seus pronunciamentos públicos, o Irã busca o domínio no Oriente Médio e a destruição do nosso aliado, Israel. Como um Estado desestabilizado e que faz fronteira com Israel, a Síria representa uma oportunidade que o Irã está ansioso por explorar.
Finalmente, de acordo com os nossos princípios, os EUA têm a oportunidade de ajudar um povo que sofreu demais. Temos que propiciar aos sírios a chance de regressarem e reconstruírem suas vidas. O retorno seguro e voluntário dos refugiados sírios serve aos interesses de segurança dos Estados Unidos, de nossos aliados e de nossos parceiros. Para aliviar a pressão exercida pelos fluxos enormes de refugiados nas regiões adjacentes e na Europa, devem ser criadas condições para que esses refugiados possam voltar para casa em segurança e voluntariamente. Será impossível garantir estabilidade de um lado do Mediterrâneo, na Europa, se o caos e a injustiça prevalecerem do outro lado, na Síria.
Os Estados Unidos, junto com seus aliados e parceiros, tomaram as seguintes medidas para trazer estabilidade e paz para a Síria:
Primeiro, as iniciativas de estabilização nas áreas liberadas são essenciais para garantir que a vida possa retornar ao normal e que o EIIE não reemerja. As iniciativas de estabilização consistem em medidas essenciais, como a limpeza de minas terrestres não detonadas e que foram deixadas para trás pelo EIIE, permitindo que os hospitais reabram, restaurando os serviços de água e eletricidade, e trazendo os meninos e meninas de volta para a escola. Essa abordagem provou ter sucesso no Iraque, onde milhões de iraquianos regressaram para suas casas. No entanto, na Síria, diferentemente do Iraque, não possuímos uma parceria com o governo nacional para os esforços de estabilização, por isso temos que trabalhar com outros. Desse modo, existe um alto grau de dificuldades para eles. Desde maio, os EUA mobilizaram diplomatas adicionais para as áreas afetadas na Síria, trabalhando com as Nações Unidas, nossos parceiros na Coalizão Global para Derrotar o EIIE, e várias organizações não-governamentais.
O nosso trabalho para auxiliar as autoridades locais e regionais a proverem serviços para as áreas liberadas aumentam a confiança entre as populações locais e os líderes locais que estão retornando. Os terroristas prosperam em condições que os permitem difundir suas mensagens distorcidas e odiosas entre a população vulnerável nas áreas de conflito. Nossos esforços de estabilização auxiliam àquelas pessoas a rejeitarem os prospectos do terrorismo e a se reintegrarem nas suas comunidades locais.
Queremos ser claros: estabilização não é uma atividade interminável de reconstrução do país, nem sinônimo de reconstrução, mas é essencial. Nenhum dos lados do conflito na Síria será capaz de vitória ou de estabilizar o país apenas por intermédio da via militar. A nossa presença militar é apoiada pelo Departamento de Estado e pelas equipes da Agência do EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que já estão trabalhando com as autoridades locais para ajudar as pessoas liberadas a estabilizar suas próprias comunidades.
Simultaneamente aos esforços de estabilização, a desaceleração do conflito também é um passo fundamental para criação das condições para um assentamento político pós-Assad. Desde julho, os Estados Unidos trabalham com a Rússia e a Jordânia para estabelecer uma área de desaceleração na parte sudoeste da Síria. O cessar-fogo foi alcançado, o bombardeamento indiscriminado de populações civis cessou e, com algumas exceções, tem permanecido assim. Esse acordo, no Sudoeste, também abordou a segurança de Israel, ao exigir que as milícias patrocinadas pelo Irã, principalmente o Hezbollah, se movam para longe da fronteira com Israel. Precisamos que a Rússia continue a trabalhar com os Estados Unidos e Jordânia para manter a área de desaceleração. Se acontecer, o encerramento das hostilidades de oposição ao regime resultante permitirá a entrega segura de ajuda humanitária, criará as condições para o retorno seguro e voluntário dos deslocados e dos refugiados, e propiciará ao povo sírio a proteção para que deem início à reconstrução das áreas destruídas pelo conflito. Nossos esforços têm sido… têm ajudado os refugiados e deslocados a retornarem para as áreas de desaceleração no Sudoeste, desde os lugares onde se refugiaram na Jordânia e, de modo geral, um total estimado de 715 mil sírios, incluindo 50 mil sírios vindos do exterior, regressaram para suas casas em 2017. Essa tendência apenas inicial, mas positiva, pode aumentar com a continuação do esforço de desaceleração, não apenas no Sudoeste, mas em outros lugares também.
Continuaremos a trabalhar com aliados e parceiros, como a Turquia, no combate ao terrorismo para abordar a ameaça terrorista em Idlib, e para abordar a preocupação da Turquia com os terroristas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em outros lugares. A al-Qaeda está tentando reestabelecer uma base de operações para si em Idlib. Estamos ativamente desenvolvendo a melhor opção para neutralizar essa ameaça, em conjunto com aliados e parceiros.
Os Estados Unidos estão apoiando vigorosamente os esforços da ONU para alcançar a solução política nos termos da Resolução 2254 do Conselho de Segurança. Esta é a estrutura política para paz e estabilidade em uma Síria unificada, que já foi aceita por membros do Conselho de Segurança da ONU. Especificamente, trabalharemos por intermédio do processo de Genebra, como é conhecido, apoiando o Enviado Especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, nos seus esforços.
O regime de Assad com certeza vê a Rússia como o garantidor da sua segurança. Portanto, a Rússia exerce uma função importante na persuasão do regime de Assad em engajar-se de forma construtiva no processo de Genebra. Além do voto da Rússia para apoio da UNSCR 2254, o presidente Putin reafirmou o compromisso da Rússia com Genebra, na declaração que fez junto com o Presidente Trump em Da Nang, no Vietnã, novembro passado. Os Estados Unidos e a Rússia trabalharam juntos para o sucesso da área de desaceleração no Sudoeste, e estabelecemos planos para a diminuição de conflitos aos arredores do vale do rio Eufrates, para garantir a segurança das nossas respectivas forças.
Agora, a Rússia precisa prosseguir no compromisso assumidos por nossos presidentes, novembro passado, para encontrar uma solução final por meio do processo liderado pela ONU em Genebra. Um dos modos possíveis, seria a Rússia exercer a vantagem única que ela possui sobre o regime de Assad – que concordou em participar no processo de Genebra. A Rússia precisa colocar mais pressão para que o regime não apenas compareça em Genebra, mas se engaje de modo credível nos esforços da ONU e implemente as soluções acordadas.
Os Estados Unidos, a Europa e os parceiros regionais não fornecerão assistência internacional para reconstrução para nenhuma área controlada pelo regime de Assad. Pedimos que todos os interessados no futuro da Síria façam o mesmo. Desincentivamos as relações econômicas entre o regime de Assad e qualquer outro país. Em vez disse, encorajaremos a assistência internacional a reconstruir as áreas que a coalizão mundial e seus parceiros locais liberaram do EIIE. Uma vez que Assad tenha perdido o poder, os Estados Unidos encorajarão, com satisfação, a normalização das relações econômicas entre a Síria e outros países. Os Estados Unidos clamam que todas as nações tenham disciplina colocando pressão econômica sobre Assad e reconstruindo a Síria depois da transição política. Nossa expectativa é que o desejo de retornar à uma vida normal e essas ferramentas de pressão ajudarão a incentivar o povo sírio e os indivíduos dentro do regime a compelirem Assad a se retirar.
A UNSCR 2254 também determina eleições livres na Síria, supervisadas pela ONU. Os Estados Unidos acreditam que eleições livres e transparentes, incluindo a participação da diáspora síria, que foi deslocada – todos aqueles que foram forçados a fugir do conflito – resultará na retirada permanente de Assad e sua família do poder. Esse processo tomará tempo, e insistimos em paciência em relação à partida de Assad e o estabelecimento de nova liderança. Mudanças responsáveis podem não acontecer imediatamente, como alguns gostariam, mas, sim através de um processo gradual de reforma constitucional, eleições supervisadas pela ONU – mas, a mudança acontecerá.
Os Estados Unidos reconhecem e honram os grandes sacrifícios que as Forças Democráticas da Síria fizeram para liberar os sírios do EIIE, mas suas vitórias no campo de batalha não solucionam os desafios de uma administração e representação local para o povo das regiões leste e norte da Síria. Arranjos políticos locais temporários, que concedem voz a todos os grupos e etnias que apoiam uma transição política mais ampla da Síria, precisa surgir com o apoio internacional. Todos os arranjos temporários devem ser verdadeiramente representativos, e não podem ameaçar os países vizinhos da Síria. De forma similar, as vozes dos sírios dessas regiões devem ser ouvidas em Genebra, e nas discussões mais amplas sobre o futuro da Síria.
Nesses assuntos, os Estados Unidos ouvem e consideram seriamente as preocupações da nossa aliada da OTAN, a Turquia. Reconhecemos as contribuições humanitárias e os sacrifícios militares que a Turquia fez para derrotar o EIIE, em relação ao apoio prestado a milhões de refugiados sírios, e na estabilização de área da Síria que ela ajudou a liberar. Precisamos da cooperação da Turquia para alcançar um novo futuro para a Síria, que garanta a segurança dos vizinhos da Síria.
Finalmente, a diminuição e expulsão da influência maliciosa do Irã sobre a Síria depende de uma Síria democrática. Por muitos anos, a Síria controlada por Bashar al-Assad tem sido um Estado-cliente do Irã. Um governo central sírio, que não seja controlado por Assad, terá renovada legitimidade para impor sua autoridade sobre o país. A reafirmação da soberania nacional por um novo governo, ao lado dos esforços de desaceleração e novos luxos de assistência humanitária, diminuirão a violência, estabelecerão condições melhores para estabilidade, e causará a partida dos combatentes estrangeiros.
Reconhecemos as muitas complexidades que a Síria apresenta. As soluções que propomos não serão fáceis de serem alcançadas. Mas, é necessário prosseguir nessa linha em favor da nossa segurança e da segurança dos nossos aliados. Não repetiremos os erros do passado, no Iraque, nem repetiremos os erros cometidos na Líbia.
Intervenções militares bem-intencionadas, desconectadas das estratégias políticas e de estabilização causam uma série de consequências adversas, não desejadas. Por isso, buscamos desacelerar a guerra civil na Síria, trabalhamos pela paz, e encorajamos todos os lados a se dirigirem à mesa de negociações. A continuação do conflito, provavelmente, levará ao agravamento das condições humanitárias, a mais caos, e ao aumento da intervenção militar regional na Síria. Nosso foco é a criação de um caminho político positivo, que honra a vontade do povo sírio e mantenha a unidade e integridade territorial da Síria.
Como em quase todos os nossos desafios de política externa, os passos para alcançarmos nossos objetivos devem ser dados em conjunto. Continuaremos a trabalhar de perto com aliados e parceiros. Ao sofrerem muitos ataques terroristas durante os últimos anos, nossos aliados na Europa, infelizmente, experimentaram de primeira-mão o que os grupos como o al-Qaeda e o EIIE são capazes de fazer. Precisamos de aliados e parceiros que apoiem nossa estratégia para que mitiguemos permanentemente o risco à segurança representado por essas e outras organizações terroristas.
Finalmente, o povo sírio suportou sete anos de caos e dificuldades inimagináveis. Eles precisam de ajuda. Um novo curso de ação é uma alternativa preferível do que mais anos de pensamentos desejosos. Uma Síria estável, unificada e independente servirá aos interesses nacionais dos Estados Unidos, seus aliados e parceiros. Se essa realidade puder se concretizar, será uma vitória para todos, e isso dará apoio à habilidade do povo sírio para buscar seus próprios direitos concedidos por Deus, vida, liberdade e busca da felicidade.
Obrigado pela atenção dedicada, e estou ansioso por nossa conversação. (Aplausos)
SECRETÁRIA RICE: Bem. Obrigada. Muito obrigada pela perspectiva abrangente sobre um dos maiores problemas que, creio eu, todos que participam do sistema internacional já enfrentaram. Eu gostaria de voltar a alguns assuntos sugestivos. Mas, primeiro quero fazer uma pergunta sobre ser o secretário de Estado. É um trabalho um tanto difícil, não é? (Risadas)
SECRETÁRIO TILLERSON: Sim. É um trabalho um pouco diferente. (Risadas)
SECRETÁRIA RICE: Sim. (Risadas). Então, quando eu era secretária, eu acordava de manhã, e lá estavam algumas coisas que eu via no meu calendário, e eu pensava, “Oh! Que bom. Eu vou poder fazer isso”, e haviam algumas coisas que me faziam pensar, “Eu vou… talvez eu deva simplesmente voltar para a cama”. O que você gosta em relação ao trabalho, e o que considera o maio desafio?
SECRETÁRIO TILLERSON: Bem, o que mais gosto do trabalho é o que sempre gostei durante toda minha carreira, e é a qualidade das pessoas com quem você tem o privilégio de trabalhar todos os dias. E o que tenho a dizer sobre os funcionários do Departamento de Estado, os funcionários de carreira e os nomeados políticos, é que são indivíduos incrivelmente dedicados, alguns dos melhores patriotas que você encontrará em qualquer lugar, e eles realmente chegam todos os dias com um único objetivo, o de cumprir as metas e os objetivos da política externa da administração, mas servir os interesses do povo americano.
Então, o que me motiva a cada dia, é mesmo quando estamos falando de problemas realmente complexos, como o que acabei de descrever, e a Síria é uma das situações mais complexas, o nível de inteligência e o nível de abertura para termos um bom diálogo sobre isso, é o que mais me motiva. E eu tenho um escritório, costumava ser o escritório do secretário adjunto de administração. E eu me apoderei desse escritório, e não temos nada além de quadros brancos, e eu gosto de ir nesse escritório e utilizar os quadros brancos para realizar esses exercícios.
O que eu menos gosto de enfrentar são aqueles dias em que eu tenho que lidar com a perda de vidas. E não importa se é a perda de um funcionário do Departamento de Estado, ou a perda de um membro das forças armadas, ou qualquer cidadão americano em qualquer lugar, esses são os dias difíceis, porque você faz ligações para os membros da família, você tenta, pessoas que foram tomadas como reféns, você tenta passar tranquilidade para suas famílias, mas esses são os dias que são realmente difíceis.
SECRETÁRIA RICE: Sim. Agora, como secretário, você também enfrenta alguns desafios únicos. A mídia social quase não existia quando eu era secretária. Agradeça a Deus por isso. E sabemos que seu chefe ama a mídia social, então, como é, e como você lida com a pressão constante da mídia social, especialmente vindo da Casa Branca?
SECRETÁRIO TILLERSON: Bem, ele é mundialmente notório na mídia social e não sou, (risos), e eu quero confessar aqui no centro da criação desta tecnologia fantástica, que não tenho contas de redes sociais. Nunca tive nenhuma e nem pretendo ter. (Risos.) É uma ótima ferramenta quando é bem utilizada. O Presidente vem usando com grande impacto, ignorando os meios tradicionais de comunicação, e ele absolutamente vibra com essa capacidade de se comunicar instantaneamente não apenas com o povo americano, mas com os nossos amigos e aliados ou com os nossos adversários, no mundo inteiro.
Eu não sei quando ele vai fazer isso porque ele, é exatamente assim que o presidente opera. Então, o desafio está sendo apenas ficar informado, porque eu não, eu nem tenho uma conta do Twitter para seguir o que ele está twittando, então minha equipe geralmente tem que imprimir seus tweets e entregá-los para mim. (Risos.) Agora, por um lado, você pode dizer: “Bem, isso é loucura. Por que você não abre uma conta?” Mas, por outro lado, na verdade, concluí que não é um sistema ruim porque [a mensagem] sai e eu não sei que vai sair, então não há muito que eu possa fazer até que seja emitida. Até eu ficar sabendo, na verdade, já se passou um período de tempo, e dependendo de onde eu estiver no mundo, poderá levar cinco minutos ou uma hora até alguém me entregar um pedaço de papel e dizer: “Ei, o presidente acaba de twittar isso”. Lá, eu já tenho as primeiras reações à mensagem e isso me permite agora começar a pensar, tudo bem, como é que vamos conduzir isso, se for uma questão de política externa, o que é? Sobre o que ele está twittando? Como interpretamos isso e agora como usamos isso?
E por isso é interessante. Eu recebo muito essa pergunta das pessoas, puxa, deve ser impossível lidar com isso. Eu tive que me acostumar com isso desde o começo porque era muito pouco convencional para todos nós. Mas eu penso assim, ok, isso é informação. Vamos lá, sabemos quais são nossos objetivos e ele não mudou nenhum deles. Esta é apenas a maneira dele de querer se comunicar sobre o assunto. Como interpretamos isso e usamos? E assim é o que, é assim que eu lido com isso, mas acho que provavelmente irei ao meu túmulo sem nunca ter uma conta de mídia social. (Risos.)
SECRETÁRIA RICE: Fiquei realmente impressionada quando falou sobre a Síria e falou sobre o caminho a seguir na Síria, deixando de lado o lado militar, que claramente teve alguns ganhos reais, particularmente na eliminação do ISIS do Iraque e agora uma vantagem, no mínimo, no ISIS na Síria. Mas fiquei impressionada quando ao mencionar a estabilização política, você usou algumas palavras que a maioria das pessoas não associaria ao governo Trump. Gostaria que falasse um pouco sobre isso. Você falou sobre valores, valores da América. Você falou sobre os direitos humanos. Você falou sobre a necessidade de o povo sírio poder se expressar em eleições livres.
Consideraríamos essas como parte da agenda de valores, propriamente dito, porque voltando realmente até Woodrow Wilson, os presidentes americanos acreditam que a composição interna dos estados realmente importa. E eu acho que você fez um caso muito bom de que um dos motivos pelo qual enfrentamos o problema que enfrentamos na Síria é que Bashar al-Assad é um ditador que assassinou seu próprio povo e oprimiu seu próprio povo.
E então, deixando a Síria, fale sobre como, depois de agora quase um ano no cargo, você vê a questão dos valores, dos direitos humanos, da democracia na, na política externa americana.
SECRETÁRIO TILLERSON: Bem, é uma ótima pergunta, e é uma que eu, como engenheiro, acho que tenho dificuldade em descrever aos outros como eu vejo isso. Nossos valores americanos de liberdade, respeito pelo indivíduo, dignidade humana, todas as manifestações dos valores que definem quem somos como povo, quem somos coletivamente como um grupo de pessoas que se alinharam em torno desses valores, e define como tratamos um ao outro todos os dias, como manifestar isso na arena da política externa.
E de certa forma, estes são valores duradouros, e o que eu tenho dito às pessoas é que, vocês sabem, com política externa se você, quando você pega os valores e tenta manifestá-los em política externa, a preocupação que eu sempre tive era que políticas podem mudar e se ajustar, e isso acontece. E então, como você, se você está fazendo isso, seus valores nunca mudam. Eles nunca se ajustam. Então, nossos valores estão conosco sempre em todas as interações.
Agora, como você operacionaliza, vou usar essa palavra, como você operacionaliza os valores? Porque acho que isso chega ao centro da questão. E a Síria é um excelente estudo de caso sobre isso na minha opinião. Entrando na Síria e defendendo os direitos humanos, as liberdades religiosas, a participação igualitária das mulheres no meio de literalmente milhares de pessoas e civis que estão sendo mortos todos os dias não ressoa muito, porque o direito humano mais importante para qualquer um é o nosso primeiro [direito]: o direito à vida. Vida, e então liberdade, e depois a busca da felicidade. E é assim que penso sobre os nossos valores. Eu primeiro tenho que evitar que as pessoas sejam mortas e, se eu puder evitar que elas sejam mortas e se conseguirmos criar áreas de estabilidade, então podemos começar a plantar as sementes da liberdade e assim criamos o caminho para a busca da felicidade. E por baixo de tudo isso estão, então, a articulação do nosso respeito pela dignidade humana, a condição humana, todas as maneiras que expressamos esses valores que são valores exclusivamente americanos.
Sendo assim, a questão realmente é como criar as condições para que as pessoas realmente possam alcançar isso, e a prioridade na Síria agora é impedir que pessoas sejam mortas. Elas estão sendo mortas. Milhares de pessoas estão sendo mortas. Interromper isso, estabilizar, começar a criar algumas condições, e então podemos começar a promover o respeito pelas liberdades religiosas das pessoas, o respeito pela sua dignidade. Sendo assim, é assim, na minha opinião, e sendo um engenheiro, é assim que penso, que é um processo. É um processo dentro de um sistema, e em qualquer momento e dependendo da situação do país, da localização, das circunstâncias, estaremos em pontos diferentes desse processo. Se tivermos um estável, um governo estável que é repressivo de certas organizações religiosas, então vamos diretamente nisso. Porque não é que as pessoas estão sendo mortas, mas estão sendo perseguidas. Elas estão sendo negadas a sua própria busca da felicidade.
Então, penso muito em cada situação, eu avalio e penso, qual é a prioridade aqui? E a primeira prioridade é sempre a proteção da vida, impedir que pessoas sejam mortas. E se você fizer isso, você começa a criar as condições em que realmente podemos avançar e defender os próprios valores.
SECRETÁRIA RICE: E as ferramentas para fazer o tipo de trabalho que você está se referindo, obviamente, quando você estabiliza uma situação, você ainda precisa ter a diplomacia, você ainda precisa prestar assistência ao povo. Tem havido certa apreensão sobre o compromisso de, digamos, assistência externa e da disponibilidade das ferramentas dos quais os diplomatas americanos dependem para trazer estabilidade. Jim Mattis, supostamente anunciou que, se ele não tiver assistência externa, ele precisará de mais balas [munição], apenas parafraseando.
Agora, alguns esforços de assistência externa americana que foram universalmente admirados. O Plano de Emergência do Presidente para Alívio da AIDS (PEPFAR, em inglês), que provavelmente, através dos esforços do presidente Bush e depois do presidente Obama, salvou milhões de pessoas de uma pandemia, e, em seguida, a Millennium Challenge, que tenta obter assistência externa e dar aos estados que realmente vão usá-la sabiamente, que não são corruptos. Você pode falar um pouco sobre o futuro desses programas? E eu sei que você os apoia. Como você está sendo apoiado dentro da administração e do Congresso?
SECRETÁRIO TILLERSON: Bem, você escolheu dois dos mais fáceis de defender, porque o PEPFAR é amplamente visto, até mesmo dentro da administração, como o padrão ouro de sucesso. Ele tem produzido resultados extraordinários e tem demonstrado que realmente usa o dólar americano sabiamente. Por cada dólar investido, se você pensar nisso como um investimento, é um dólar investido no retorno, PEPFAR, por qualquer conceito que você opte por analisá-lo, foi bem sucedido.
E a Millennium Challenge Corporation, da mesma forma, tem sido extremamente bem-sucedida por causa do processo disciplinado que utiliza. Eu acho que o debate atual não gira em torno desses tipos de programas, mas sobre muitos outros programas de assistência que podem não ter o tipo de estrutura em torno deles que o PEPFAR tem ou o tipo de estrutura em torno deles, e a responsabilização para acompanhar tal estrutura, que a Millenium Challenge tem, e uma visão que a América é, foi, e será a nação mais generosa do planeta Terra quando se trata de assistência humanitária, alívio de desastres. Estamos sempre em primeiro lugar.
Mas se você olhar para a situação das finanças da nação, e todos sabemos sobre os déficits que estamos acumulando o tempo todo, acho que o presidente questionou corretamente a questão de, ok, sabemos o que nós estamos fazendo, mas o que o resto do mundo está fazendo? E se estão fazendo a sua parte? E, assim, esse tornou-se um modelo de como este governo encara todos os meios de assistência estrangeira, do tipo de assistência prestada pela USAID e pelo Departamento de Estado para vendas e assistência militar estrangeira, até organizações internacionais na ONU e outros. Faremos a nossa parte, mas exigimos que outros façam sua parte também. E assim ele criou expectativas muito altas de que iremos pedir aos outros que compareçam e comecem a contribuir de forma mais proporcional com sua capacidade de fazê-lo. E ele costuma mencionar que várias nações ao redor do mundo estão indo extremamente bem. Em muitos casos, eles estão melhores do que nós com a nossa própria economia, mas no entanto, não estão arcando com o que, em nossa opinião, seria a sua parte nessa demanda que o mundo tem.
Por isso, muito do ano passado e até mesmo o início deste ano foi tomado por muito envolvimento ativo com os países em torno desta questão. Dito isto, não há abandono do nosso reconhecimento dessas necessidades. E, como você sabe e através do processo orçamentário, o processo orçamentário envolve nossos dois ramos do governo, ramos co-iguais. O Congresso tem sua opinião sobre isso também, e a administração tem a deles. Portanto, muito disso é, no final, resolvido através do processo de negociação do orçamento.
A última coisa que eu diria sobre o orçamento do Departamento de Estado em particular, porque teve muita, teve muita discussão, é que eu gosto de dar uma perspectiva às pessoas. O orçamento do Departamento de Estado está saindo de um patamar recorde, USD 55 bilhões, o maior orçamento que o Departamento de Estado já teve, e uma sequência de orçamentos recordes nos últimos cinco ou seis anos. E o que eu digo às pessoas, e tendo dirigido outra organização com grandes números com os quais tínhamos que lidar todos os dias, é muito difícil de executar, é muito difícil para o Departamento de Estado executar um orçamento de USD 55 bilhões. Quero dizer, com toda a franqueza, se você quer fazer isso bem e se você quer ser um bom administrador do dólar dos contribuintes americanos, que você recebeu, precisamos ser capazes de executar e fazer isso bem. E a verdade é que uma das razões pelas quais não estamos enfrentando dificuldades em 2017, é porque tínhamos muito dinheiro sobrando, porque ninguém conseguia executar um orçamento desse tamanho. E, sendo assim, há muito dinheiro que está sendo movimentado.
Então, agora, eu diria que estamos em uma situação dinâmica em que não estamos, não estamos em uma posição que nos torne incapazes de atender, acreditamos, as necessidades mais críticas por aí. Mas está chegando, e estamos tentando planejar com antecedência e estamos tentando obter mais apoio de outros ao redor do mundo.
SECRETÁRIA RICE: Obrigada. Uma última pergunta antes de deixá-lo ir. Eu seria negligente se eu não perguntasse sobre onde você começou seus comentários, a Coréia do Norte. Nós temos alarmes falsos sendo emitidos no Havaí. Temos pessoas falando sobre a iminência de guerra na península. Ao mesmo tempo, temos os norte-coreanos e os sul-coreanos decidindo que vão marchar juntos nas Olimpíadas.
Você tem alguma noção de que a retórica que temos usado, o fato de que talvez a diplomacia não seja tão central quanto algumas das discussões sobre nossas opções militares, que possamos estar criando uma distância dos nossos aliados sul-coreanos? Eu sei que quando eu fui secretária e tentava fazer as negociações em seis partes, os norte-coreanos adoravam tentar criar uma distancia dos chineses, ou dos sul-coreanos ou dos russos, e era realmente importante para os Unidos Estados não se isolarem.
Então, como devemos interpretar essas iniciativas entre o Norte e o Sul? E conte-nos sobre a diplomacia, porque penso que estamos todos de acordo, ninguém realmente quer uma guerra na península, na península coreana, apesar da gravidade da ameaça da Coréia do Norte.
SECRETÁRIO TILLERSON: Bem, nossos esforços de diplomacia, que começaram realmente em fevereiro passado, a primeira semana que eu estava, depois de ter assumido a minha função, eu estava com o presidente na Sala Oval e o primeiro desafio de política externa que ele me apresentou foi dizer que eu tinha que desenvolver uma abordagem de política externa para a Coréia do Norte. E assim fizemos, e executamos isso através do processo interagências.
E o que nós, eu rotulei de campanha de pressão pacífica, o presidente desde então rebatizou de campanha de pressão máxima. Mas é, e eu sei que as pessoas dizem, “Ah, nós já tentamos sanções no passado. Elas nunca funcionam”. Nunca tivemos um regime de sanções tão abrangente quanto este, e nunca tivemos o suporte chinês para sanções, como estamos recebendo agora. A Rússia é um problema ligeiramente diferente. Mas os chineses pressionaram fortemente os norte-coreanos até o ponto de, parte dessa abordagem foi ajudar os chineses a perceberem que a Coréia do Norte nos últimos 50, 60 anos pode ter representado um ativo para eles, mas agora representa um passivo. E quero dizer, é por causa de como os eventos podem ocorrer na península coreana. Se a China não nos ajudar a resolver este problema, há muitos efeitos colaterais, e a China está bem ciente desses efeitos.
Então eu acho que os esforços diplomáticos se concentram em unificar a comunidade internacional em torno desta campanha de sanções, que tem sido extraordinariamente eficaz. Como o próprio presidente Moon nos disse durante um telefonema, e eu diria, que nós provavelmente, o nível de comunicação que se passa entre nós, a Coréia do Sul e a China sobre esta questão é bastante extraordinário. As pessoas provavelmente ficariam surpresas com a frequência com que conversamos pelo telefone, semanalmente, sobre isso. Moon disse que o motivo pelo qual os sul-coreanos vieram até nós foi porque eles estão sentindo o efeito dessas sanções. E estamos vendo isso em algumas das informações, estamos vendo isso através de evidências anedóticas que saem de desertores que estão escapando.
Os japoneses comentaram ontem, durante nossa sessão, que tiveram mais de 100 barcos de pesca norte-coreanos que se deslocaram para as águas japonesas, dois terços das pessoas nesses barcos morreram, eles não estavam tentando escapar, e aqueles que não morreram, queriam voltar para casa. Então eles os enviaram de volta para a Coréia do Norte. Mas o que eles souberam é que eles estão sendo enviados para pescar no inverno porque há escassez de alimentos, e eles estão sendo enviados para pescar com combustível insuficiente para voltar.
Então estamos recebendo muitas provas de que essas sanções realmente começam a pesar. E assim, a aproximação do Norte ao Sul, agora eles estão usando a cartilha que você conhece tão bem quanto qualquer um. E a cartilha é, ok, vamos começar nossa ofensiva de seduzir o resto do mundo e mostrar que somos pessoas normais como todos os outros. Nós vamos engendrar alguma simpatia. Vamos tentar criar uma distância entre a Coréia do Sul e seus aliados. E passamos muito tempo ontem na discussão em grupo ouvindo do ministro das Relações Exteriores, Kang, da Coréia do Sul, e sobre como eles não vão deixar isso acontecer.
Então entendemos do que se trata e temos apoiado essa aproximação, porque o outro elemento da diplomacia é que temos esperado que Kim decida que quer conversar. Fomos muito claros, e nossos canais estão abertos. E como eu disse ontem à imprensa, ele sabe como me alcançar se ele quiser conversar. Mas ele tem que me dizer que quer conversar. Nós não vamos correr atrás.
Então, este pode ser o primeiro esforço para quebrar o gelo, veremos. Pode ser que não dê em nada, mas, apoiamos isso, mas eu diria que entre os aliados da região, mas igualmente com a China, acho que nunca estivemos tão unidos contra essa ameaça. A China tem conhecimento das possíveis consequências, e das consequências não desejadas que poderiam vir mais tarde. E na diplomacia, quando você está lidando com alguém assim, do outro lado da mesa, e quando chegamos a essa mesa de negociação, e estou confiante de que chegaremos, eu quero estar certo de que o secretário Mattis tem uma opção militar muito, muito forte, de prontidão na retaguarda. Isso me dará uma posição melhor para tentar resolver isso.
Como o secretário Mattis e eu dissemos aos nossos homólogos chineses quando estávamos na mesma mesa em um diálogo de segurança e estratégia, eu disse para o meu homólogo, Yang Jiechi, eu disse: “Conselheiro de Estado, se você e eu não resolvermos isso, esses caras vão conseguir lutar, e nós não queremos isso. E você também não”.
Então estamos altamente motivados. É um processo longo. Foi preciso muita paciência. Veremos. Mas estamos empenhados, como estão todos na comunidade internacional, em uma Coreia do Norte desnuclearizada. E vamos nos manter empenhados até conseguirmos.
SECRETÁRIA RICE: Muito obrigada e tudo de bom. Certamente esperamos que você tenha sucesso. Muito obrigada. (Aplausos.)
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